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TRIBUNA LIVRE

Diferenças e semelhanças entre dois estadistas do século 20

| 08/02/2021, 09:42 h | Atualizado em 08/02/2021, 09:45
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna


A historiografia e as pessoas cultas, de modo geral, nutrem admiração por grandes homens. Mas não há grande homem que seja assim reconhecido sem que, primeiro, se tenha construído um mito em torno de sua existência. Entre historiadores e politólogos, a classe dos estadistas é especialmente importante.

A vida do político britânico Winston Churchill foi especialmente esmiuçada por muitos biógrafos.

Desde jovem, dedicou-se com afinco a construir imagem de audaciosa inteligência e coragem patriótica e militar. Suas aventuras como militar e correspondente de guerra para vários jornais lhe valeram fama e dinheiro. Ao iniciar a militância política, ainda jovem, consolidou-se como parlamentar de grande expressão.

Alternou-se no espectro ideológico, mudando de partido duas vezes (era conservador, virou liberal e voltou a ser conservador), e cometeu erros graves, como na 1ª Guerra, em que levou à morte milhares de soldados.

Entretanto, a grande virada que dele fez um colosso como estadista foi sua oposição ferrenha ao nazismo ao longo dos anos 1930, enquanto França, Inglaterra e EUA queriam contemporizar.

Quando a guerra eclodiu, ficou logo evidente que sua liderança seria essencial, conseguindo formar um governo de união nacional.

Ficou imortalizado como um campeão da democracia, embora tenha considerado usar armas químicas contra o povo alemão, no que foi impedido pelo gabinete.

De outro lado, Stálin, estadista comunista e, depois, subjugado pela historiografia como o campeão totalitário e genocida, também teve seus momentos quase democráticos durante os anos em que coexistiu com Trótski e Lênin.

Recebeu um país em frangalhos, após a morte de Lênin, e, durante os trinta anos seguintes, conseguiu transformá-lo na segunda maior potência mundial, não apenas como militar, mas também como sucesso excepcional no incremento da qualidade de vida do povo e no desenvolvimento econômico, educacional e científico. O forte culto à personalidade assegurava total devoção a sua liderança.

Entre o grande homem democrático e o grande homem comunista, as diferenças construídas pela mitificação obscurecem as semelhanças que a história mais detalhada mostra.

Ambos eram centralizadores, obcecados por segurança, espionagem e contrainformação, militaristas, autoritários, bem-humorados, profundamente alcoólatras, líderes incontestes, homens que lutaram pela proeminência de seus países e adeptos de uso da propaganda ostensiva para se autopromoverem.

É plausível que, em outro contexto, Stálin tivesse sido um Churchill e Churchill tivesse sido um Stálin. Enquanto refletimos sobre a grandeza desses estadistas, é inquietante verificar: todo grande homem precisa de um idiota que acredite que ele é um grande homem. Ambos os tiveram em abundância. Abandonamos os fatos reais para idealizar grandezas irreais, e nos esquecemos de que o mundo se constrói pelas mãos dos pequenos, sem biógrafos, notoriedade ou poder.

Sergio Lievore é historiador.

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