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Na última quarta-feira o mundo inteiro celebrou o Dia Internacional de Combate à Corrupção. A data (09) foi escolhida na Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção promulgada em 2003 e tem como objetivos conscientizar as pessoas acerca do que é corrupção, quais as terríveis consequências desse crime e, principalmente, envolver a sociedade no seu combate.

No Brasil, estudos apontam que cerca de 4% do PIB nacional seja subtraído todos os anos por corruptos. O montante desviado anualmente daria, por exemplo, para construir cerca de 840 hospitais de grande porte, 8.400 escolas públicas ou adquirir quase 2,5 milhões de viaturas policiais.

Dinheiro que poderia, portanto, ser investido para melhorar nossa educação, saúde e segurança tem parado nos bolsos de corruptos inescrupulosos.

Nem mesmo recursos destinados ao combate à pandemia de Covid-19 foram poupados.

Estimativa feita pela CGU em junho apontou que cerca de 1,5 bilhão de reais que deveria ser utilizado pelos estados no combate à pandemia pode ter sido desviado.

O valor, apenas para se ter uma ideia do tamanho do rombo, é 13 vezes maior do que o que foi surrupiado em 2006 pela máfia dos sanguessugas. Se engana, no entanto, quem pensa que a corrupção em nosso País atinge apenas o andar de cima. Não são apenas contratos milionários que são fraudados por políticos e empresários corruptos.

Dados divulgados esta semana pela SECONT/ES apontam que ao menos 782 servidores públicos estaduais e municipais são investigados por receberem indevidamente o auxílio emergencial criado pelo governo federal para amenizar o impacto da pandemia na vida na população mais carente. Desse número, ao menos 210 servidores públicos efetivamente solicitaram o auxílio.

Há, no entanto, motivos e novas iniciativas que nos permitem ter esperança num futuro menos corrupto. A aprovação de leis como a 12846/13 (Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa) e a 12850/2013 (Lei das Organizações Criminosas) tem, efetivamente, mudado o cenário da prevenção e combate à corrupção no Brasil.

Os números e resultados da Operação Lava Jato maior investigação contra a corrupção do mundo também são motivos de esperança num Brasil com menos corrupção.

Além disso, objetivando contribuir com a prevenção à corrupção, a Polícia Federal lançou na quarta-feira o projeto PF Construindo Valores, que consiste na criação de grupos de policiais e servidores voluntários que realizarão palestras e atividades socioeducativas em escolas. O objetivo da iniciativa é contribuir com a prevenção primária, debatendo o tema com estudantes que poderão, futuramente, fortalecer a cultura de integridade em nosso País.

Somente com medidas concretas e muita vontade política conseguiremos melhorar nosso cenário. Até agora temos conseguido bons resultados na repressão a esse mal que tem sangrado os cofres públicos brasileiros. Iniciativas como a aqui apresentada, que pretende incrementar a prevenção nos enche de esperança num futuro com menos corrupção.

EUGÊNIO RICAS é adido da Polícia Federal nos EUA