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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

De dar pena

Coluna foi publicada no domingo (29)

Pedro Valls Feu Rosa | 30/10/2023, 11:21 h | Atualizado em 30/10/2023, 11:22

Imagem ilustrativa da imagem De dar pena
Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo |  Foto: Arquivo/AT

Imagine um sujeito que, subitamente apaixonado, decidiu casar-se! Marcada a data das núpcias e reservada a igreja, nosso personagem ficou a pensar que poderia ser humilhante comparecer à cerimônia sozinho – ele era um solitário – enquanto sua futura esposa levaria familiares e amigos.

A solução estava em uma empresa indiana da cidade de Jodhpur, chamada “Best Guests Centre”, especializada em arrumar convidados para casamentos! Parece inacreditável, mas eles contratam atores para se fazerem presentes em qualquer cerimônia, observando vestuário e regras de etiqueta compatíveis com os desejos do cliente.

Eles são tão detalhistas que chegam a estudar as famílias dos noivos, para evitar qualquer deslize que possa revelar a razão de suas presenças – o dinheiro!

Graças a esta empresa o casamento do nosso personagem foi um sucesso de mídia! Mas ele quis ir além. Teve a ideia de impressionar sua jovem noiva durante a lua de mel.

Foi quando contratou uma outra empresa, norte-americana, de nome “Celeb 4 a Day”, especializada em transformar pessoas anônimas em celebridades por um dia ou dois. E assim, em sua lua de mel, nosso personagem foi seguido por um falso “paparazzi” que tirava fotos dele o dia inteiro, concedeu entrevistas coletivas em restaurantes a falsos jornalistas e até deu autógrafos a fãs de mentirinha que o abordavam várias vezes ao dia.

Como seria de se esperar, um casamento iniciado nestas bases não durou muito. E assim eis nosso personagem de volta à solidão! Buscando extravasar sua raiva, foi a um bar da cidade espanhola de Cullera, no qual os clientes pagam para ter o direito de ofender os pobres garçons das mais variadas formas! Foi assim, após xingar uma meia dúzia deles, que nosso personagem acalmou-se.

Passou-se o tempo, e veio a velhice. Preocupado com o futuro, e mais exatamente com a vida após a morte, decidiu adquirir um ingresso para o paraíso. Para tanto, buscou uma empresa norte-americana chamada “Ticket to Heaven”, onde, por US$ 19,95 mais as despesas postais, adquiriu esta preciosidade. Segundo a empresa o ingresso, pessoal e intransferível, deveria ser colocado em seu caixão.

Já muito idoso, e às portas da morte, nosso solitário personagem ficou a pensar que não iria ninguém ao seu velório – o que seria muito desagradável! Assim, procurou ele um serviço disponível nas cidades espanholas de Campanario, Extremadura, Galícia e Canárias, através do qual qualquer morto pode ter certeza de que estará sempre rodeado de pessoas chorando sua morte e rezando por ele.

E foi assim que no velório de nosso exótico personagem estavam diversas senhoras das mais distintas, chorando e rezando o dia inteiro a troco de 30 euros – ele havia contratado somente as melhores na arte do choro e da lamentação, desprezando outras menos especializadas cujo preço era de apenas 20 euros.

Nosso curioso personagem é fictício. Mas as empresas que citei não. Elas existem. São reais. Refletem uma humanidade profundamente doente.

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