Consciente, Brasil pode voltar a ter orgulho da vacinação
Coluna publicada na edição desta terça-feira (18), do jornal A Tribuna
Leitores do Jornal A Tribuna
Já se vão algumas décadas desde que o Brasil passou a conhecer o sentimento de orgulho de seu sistema de vacinação. Até metade dos anos 1980 a poliomielite causava paralisia em cerca de 100 crianças por dia em todo o mundo, mas essa estatística mudou de vez em 1989, quando o País registrou sua última notificação da doença. Poucos anos depois, em 1994, as Américas receberam o certificado de eliminação da doença.
Seguir o calendário vacinal à risca e levar as crianças para tomarem suas gotinhas já fazia parte da rotina do brasileiro. Campanhas de vacinação ajudaram o País, que registrou milhares de casos de sarampo de 1990 a 2000, a eliminar a doença em 2016.
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A sensação de segurança e o comprometimento com a prevenção por meio das vacinas vêm, no entanto, diminuíram nos últimos anos. O Ministério da Saúde tem feito alertas para um possível retorno da poliomielite por conta dos baixos índices de vacinação.
Em 2021, menos de 70% do público-alvo estava com as doses em dia em comparação aos mais de 98% em 2015. Em 2019 o Brasil perdeu o reconhecimento de eliminação do sarampo depois de não conseguir controlar um surto iniciado na região Norte, que se alastrou para os demais estados. Os números permitem enxergar o risco que se corre não apenas como indivíduo, mas como comunidade.
A imunização evita doenças, incapacidade e mortes por enfermidades preveníveis por meio de vacinas, tais como câncer do colo do útero, difteria, hepatite B, sarampo, caxumba, coqueluche, pneumonia, poliomielite, doenças diarreicas por rotavírus, rubéola e tétano.
Aliadas na prevenção de adoecimentos e óbitos, as vacinas protegem o corpo humano, ensinando o sistema imunológico a combater vírus e bactérias.
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E por que a cobertura vacinal da população vem despencando? A população parece ter relaxado no hábito de se vacinar acreditando que as antigas doenças já não oferecem perigo. Ao mesmo tempo, a propagação de notícias falsas promove a desinformação e leva riscos à coletividade.
Em 2021 o Ministério da Saúde registrou menos de 59% dos cidadãos imunizados, frente ao patamar preconizado, que é de 95%. A conscientização deve voltar à ordem do dia. A população brasileira tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). São mais de 20 vacinas com recomendações para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e indígenas.
Recentemente, o Brasil incluiu em seu calendário a imunização contra a covid-19. Vacinas são seguras, passam por testes rigorosos ao longo das fases de ensaios clínicos e continuam sendo avaliadas regularmente mesmo depois de comercializadas. Por isso, vacinar-se é seguro, e demonstra um ato de responsabilidade com a própria saúde e com a saúde do próximo.
Ana Carolina D'ettorres é infectologista e mestre em Medicina
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