Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

TRIBUNA LIVRE

Cancelamento literário

O apagamento da literatura afro-brasileira expõe desigualdades no ensino

Alcy Belizário de Souza | 01/12/2025, 12:49 h | Atualizado em 01/12/2025, 12:49
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna



          Imagem ilustrativa da imagem Cancelamento literário
Alcy Belizário de Souza é Capitão da PMES (aposentado) e graduando em Licenciatura Dupla em Letras Português e Italiano/Ufes |  Foto: Divulgação

A literatura afro-brasileira ainda enfrenta exclusão nos espaços escolares. Apesar de sua riqueza estética e relevância social, essas obras seguem marginalizadas nos currículos e livros didáticos. Essa exclusão, muitas vezes justificada por gestores com base na suposta oposição ao cânone literário, revela um cancelamento pedagógico enraizado nas estruturas sociais e educacionais brasileiras.

Mesmo quando textos de autores negros apresentam semelhanças formais com os do cânone, composto em sua maioria por homens brancos da elite, suas vozes seguem silenciadas. A razão não está na qualidade literária, mas na resistência institucional em romper com a lógica de mercantilização, que favorece obras alinhadas ao mercado e a uma visão excludente.

Esse apagamento compromete a formação de leitores críticos. Ao limitar o acesso a experiências diversas, a escola impede o desenvolvimento de capacidades interpretativas, cognitivas e emocionais. A ausência dessas obras nos materiais escolares marginaliza autorias negras e priva os estudantes de narrativas que refletem sua história, identidade e realidade.

A estrutura mercantilista que rege decisões curriculares sustenta esse processo. Os livros didáticos, ainda centrados no cânone branco e europeu, refletem escolhas políticas que ignoram a diversidade cultural. Como consequência, a literatura deixa de cumprir seu papel de formar sujeitos críticos e engajados.

A crítica literária contemporânea destaca a importância de uma abordagem social da arte. Separar literatura da vida cotidiana enfraquece seu potencial pedagógico e impede que o ensino seja espaço de reflexão e transformação. A hegemonia dominante, ao impor uma visão homogênea de cultura, compromete a formação crítica dos alunos.

Entretanto, práticas pedagógicas que valorizam o diálogo entre forma, conteúdo e realidade apontam caminhos. Atividades como resenhas, debates e relatórios reflexivos promovem aprendizagem significativa e aproximam os estudantes da literatura e de sua função social. Mais que o texto, são as condições socioeconômicas e emocionais que afastam os jovens da leitura, e é aí que a escola deve atuar com sensibilidade e compromisso.

Nessa perspectiva, autoras como Maria Amélia Dalvi (Ufes) e Conceição Evaristo têm papel fundamental. Dalvi propõe a ruptura com a centralidade do cânone eurocêntrico, defendendo uma formação docente crítica e antirracista. Evaristo, com sua “escrevivência”, afirma a legitimidade das experiências negras como matéria literária, exigindo reconhecimento institucional.

A inclusão da literatura afro-brasileira no currículo não é apenas uma questão de representatividade. Trata-se de uma reparação epistemológica, de reconfigurar o imaginário coletivo e democratizar o conhecimento. Como destaca o professor da Ufes, Vitor Cei (2024), a leitura crítica de múltiplas manifestações é essencial para formar professores que vejam a literatura como prática política voltada à diversidade e ao enfrentamento das desigualdades.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

SUGERIMOS PARA VOCÊ:

Tribuna Livre

Tribuna Livre, por Leitores do Jornal A Tribuna

ACESSAR Mais sobre o autor
Tribuna Livre

Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna

Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna

Tribuna Livre