Bebê reborn: doença ou consolo?
Imitações de bebês realistas dividem opiniões e levantam alerta sobre possíveis transtornos e impactos sociais
Temos acompanhado, de forma mais direta ultimamente, muitos posicionamentos – pró e/ou contra – a respeito desta nova “moda ou praga” que são as imitações de figuras de bebês, uns mais perfeitos outros quase ridículos. Se no Brasil está se focando isso agora, fora, há muitos anos já se fala.
A propaganda, de forma indireta (ou até direta), corre solta, veiculada por personalidades de grande influência e “influencies” na vida das pessoas, de milhares de crianças, jovens e, também, pessoas adultas.
Pessoas que defendem estas “imitações de bebês” dizem que são apenas escape à vida atual, agitada e sem envolvimento emocional; estes “seres” preencheriam lacunas de carências e vazios que têm prejudicado pessoas “normais”. Defendem por ser colecionadores e, inclusive, pela perfeição geral e dos detalhes das imitações. As pessoas que adotam este comportamento, “amam”, pois estas imitações, dizem, expressam “sentimentos”, como simulação de dor, febre, piscar olhos e outras loucuras, como: levar a hospital, simulação de nascimento, colocam nomes, usam roupas normais, faz festinha de aniversário e tiram até passaporte, faz dormir e mais.
Os defensores ainda justificam que quem produz (faz o acabamento) dos tais bebês são artistas e seus trabalhos são muito sofisticados, imitam até os próprios filhos reais, vivos ou não. Segundo estes, os bebês se tornam terapia para idosos e crianças portadoras de necessidade especial. Seria isto uma forma de consolo, de dar e receber carinho, amor e afeto. Será?
Por outro lado, Psicólogos, Psicanalistas e profissionais relacionados, inclusive pais, líderes religiosos e professores defendem, como eu, o grau de dependência que isto está criando, assim como outros “desvios de personalidade”, por exemplo, de pessoas que se dizem “ser” (não imitar) este ou aquele animal ou, por outro lado, adotam animais como verdadeiros filhos.
Eu, como psicanalista, vejo isso não como mais uma dependência, mas como verdadeiros Transtornos Mentais destas pessoas que são favoráveis ao uso pessoal ou incentivam o seu uso. Estamos, em verdade, passando por uma doença social, como um “desengajamento”, levando as pessoas a fugirem da realidade? O brinquedo, para a criança, é apenas uma brincadeira e, assim que cresce, vai deixando de lado as coisas de criança; é normal. Mas adultos fazendo isso, fugindo da realidade, humanizando uma coisa (boneco), não passa de um verdadeiro transtorno; e tem nome: doença.
Através de projetos de Lei, o Congresso já está se movendo, visto os absurdos que estão acontecendo. E é urgentíssimo. Infelizmente, no Brasil, o mal prospera rápido! Além disso, deve-se levar em conta o quanto pessoas e empresas estão faturando, sem levar em consideração a “dependência” que gera violência e sofrimento; estas empresas estão apenas visando o lucro que auferem.
Comparativamente, este proceder se assemelha aos traficantes de drogas, lícitas ou não; às propagandas das BETs; de bebidas alcoólica etc. Isto vale para quem trafica, vende ou faz propaganda; as diretas, cuja responsabilidade é do Conar (Conselho de Autorregulamentação) que, como sempre, faz vistas grossas e, das propagandas indiretas, feitas por personalidades ou por “influencers”, infelizmente, sem qualquer controle e punição.
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