As mulheres merecem ser mais premiadas pelo que fazem
Coluna foi publicada nesta terça-feira (24)
Leitores do Jornal A Tribuna
O primeiro Prêmio Nobel foi concedido em 1901. Do seu início até os dias atuais, cerca de mil pessoas já foram reconhecidas em categorias como economia, física e Nobel da Paz. Entre tantos reconhecimentos, apenas 64 mulheres receberam o mérito, e quando se trata do prêmio em economia só duas foram agraciadas até este ano.
A professora de Harvard, Claudia Goldin, recebeu o mais prestigiado prêmio no campo econômico por suas pesquisas sobre o papel da mulher no mercado de trabalho, no dia 9 de outubro.
Claudia evidencia que, apesar dos avanços, estamos longe da tão sonhada igualdade. Segundo o comitê do Nobel, a professora comprovou a disparidade de salários e que esta costuma iniciar depois do nascimento do primeiro filho, em função da sobrecarga para gerenciar vida pessoal e profissional.
Não à toa verifica-se a disparidade entre gêneros no número de ganhadores do prêmio.
Em sua pesquisa, feita durante 18 anos, a professora de Harvard comprova realidades que tacitamente conhecemos e que inúmeros relatórios são destacados.
Há oito anos, a gigante McKinsey publica o relatório Women in the Workplace, que trouxe dados como, por exemplo, para cada 100 homens promovidos à liderança, apenas 88 mulheres são promovidas. Ao mesmo tempo que, para cada promoção feminina, dois desligamentos voluntários acontecem. Ou seja, aparentemente a diferença nunca será reduzida.
O mesmo relatório apontou que apenas 5% das cadeiras de liderança máxima das empresas são ocupadas por mulheres, apesar de já representarmos mais de 50% da força de trabalho.
As mulheres enfrentam diversos desafios no mercado de trabalho, fruto de desigualdades históricas e estruturais presentes na sociedade. Enfrentamos por exemplo, disparidade salarial. Vitória, inclusive, é a quarta capital do Brasil com maior diferença salarial no País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a diferença média nacional é de 30%.
Enfrentamos também a discriminação, seja por estereótipos de gênero que atribuem características de liderança apenas aos homens, seja pela falta de oportunidades. Sem falar na sobrecarga evidenciada na pesquisa de Claudia. Mas talvez o fato mais alarmante seja relacionado ao assédio moral e sexual escancarado na triste quinta posição que o Brasil ocupa no ranking de feminicídio da Organização das Nações Unidas (ONU).
E não para por aí! Somos desde novas desestimuladas a acreditar no nosso potencial intelectual e a competir por aparência. As brincadeiras e os estímulos na infância das meninas são normalmente associadas aos cuidados domésticos e da família. Enquanto os meninos disputam quem é o mais rápido, o mais forte ou mais valente, as competições femininas se limitam à beleza. Existe até uma expressão chamada “dream gap” baseada em pesquisas que apontaram que a partir dos 5 anos, meninas deixam de acreditar em sonhos.
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