Adaptações estratégicas contra os riscos climáticos
O aumento da ocorrência de eventos climáticos extremos (secas, inundações, enchentes, vendavais, chuvas de granizo etc.), vivenciados pelos capixabas nos últimos meses, demonstra a necessidade imediata do desenvolvimento de ações estratégicas para o enfrentamento e a mitigação dos trajetos e efeitos destes.
Estudos científicos apresentados nas Conferências das Partes (COPs), como a COP 21, em 2015, na cidade de Paris, comprovaram que são irreversíveis os efeitos provenientes das mudanças climáticas.
Neste sentido, caberá aos atores globais – por exemplo, países, Estados subnacionais, municípios e empresas – elaborarem estratégias e políticas de resiliência, mitigação e adaptação aos riscos climáticos, além de se inserirem em redes de cooperação internacionais para a troca de recursos tecnológicos, financeiros e informação.
Já existem no mundo diversas redes paradiplomáticas de Estados subnacionais, municípios e empresas privadas voltadas para cooperação internacional rumo à criação de ações de enfrentamento aos efeitos climáticos.
Desta forma, como uma atitude estratégica político-econômica, caberá aos agentes públicos estaduais e municipais iniciarem ações estruturantes para o desenvolvimento de estudos climáticos e criarem políticas públicas para a construção de cidades resilientes, inclusivas e inovadoras.
A pauta de adaptação climática precisa ser inserida na gestão pública e não pode ser vista apenas como uma questão meramente ambiental, mas social, econômica, política e ética.
O conflito climático é complexo, envolve vários riscos, efeitos (temporais e espaciais) e diversas vulnerabilidades. Por isso, afeta fatalmente a economia de um estado, município e até de uma empresa e, também, do setor do agronegócio.
Por exemplo, basta olhar como a seca afetou a economia do Espírito Santo, nos anos de 2015 e 2016, e como são os gastos com infraestrutura nas orlas capixabas com o avanço do mar.
No mesmo sentido, as empresas precisam iniciar uma reflexão sobre os impactos climáticos nas estruturas do seu negócio e adotarem medidas de conformidade, análise de riscos, adaptações e, estrategicamente, se inserirem em redes paradiplomáticas climáticas para a troca de recursos tecnológicos e financeiros.
Em outras palavras, o compliance climático deve ser inserido nas estruturas políticas e estratégicas do setor corporativo.
Vivemos na Era das Adaptações. Neste século XXI, pós-pandemia, a solvência de qualquer empresa e a sustentabilidade da gestão pública dependem de ações estratégicas de adaptação e da criação de estruturas mínimas de governança rumo ao enfrentamento dos desafios climáticos e a criação de possíveis soluções.
RHIANI SALAMON REIS RIANI é consultor jurídico e doutorando em Direito Ambiental Internacional