A preocupante queda no rendimento médio do brasileiro
Leitores do Jornal A Tribuna
Após apresentar um ligeiro crescimento a partir de 2016, se estabilizando no valor de R$ 2.292 nos anos de 2018 e 2019, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento mensal médio real de todas as fontes no País caiu para R$ 2.213 no ano passado, nível mais baixo desde 2013, quando era estimado em R$ 2.250, já descontada a inflação do período.
Com isso, foi verificada queda de 3,4%, a maior desde o início da série histórica da pesquisa.
Importante destacar que a maior parte das famílias brasileiras está concentrada nas classes mais baixas, cujo número de pessoas é muito grande.
Se essas pessoas sofrem uma redução na renda, o impacto na redução do consumo pode ser bastante expressivo. Outro ponto que merece destaque é que boa parte das famílias com padrão de vida mais baixo consomem praticamente toda renda, então o efeito da retração do consumo é muito mais expressivo do que nas classes mais altas, que consomem uma parte de sua renda e poupam a parte restante.
Retração no consumo dessas famílias gera um impacto negativo no PIB (Produto Interno Bruto) mais significativo.
Uma combinação de fatores contribuiu para a queda do rendimento mensal médio dos trabalhadores. O processo de aceleração inflacionária que corrói o poder de compra das famílias; o elevado nível de desemprego; a medida de redução da jornada de trabalho durante a pandemia; os impactos devastadores provocados pela pandemia no mercado de trabalho.
Além disso, muitas pessoas na base da pirâmide de distribuição de renda se retiraram do mercado sem perspectiva de encontrar trabalho durante a pandemia.
Diante de um cenário onde as famílias estão com alto nível de endividamento, perda de renda devido à inflação e alto desemprego, a perspectiva é de uma economia estagnada para 2022.
Portanto, a preocupação do governo deveria estar em ajudar a economia a retomar o dinamismo através das reformas que ataquem os problemas estruturais, como o desemprego e inflação, além de criar mecanismos para controlar a grave situação fiscal do País.
A proteção da renda é outra frente imprescindível para que os trabalhadores possam fazer frente às suas necessidades. Isso passa pelo aporte direto do Estado na complementação salarial, garantindo valor correspondente à renda mensal habitual aos trabalhadores formais.
Da mesma forma, o Estado garantiria aos empregados que necessitarem se afastar por necessidade de quarentena, por suspeita da doença, ou por necessidade de cuidado dos filhos, o pagamento de licença remunerada.
Trabalhadores informais, desempregados, desalentados, subocupados e trabalhadoras domésticas precisam ter renda básica universal garantida. Por fim, cabe garantir às empresas de pequeno porte e microempreendedores individuais o acesso ao crédito subsidiado com alargamento dos prazos para pagamento.
RICARDO PAIXÃO é economista e conselheiro do Corecon-ES.
SUGERIMOS PARA VOCÊ:
Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna