A Geografia como aliada do poder público
Leitores do Jornal A Tribuna
É muito comum nos dias de hoje ouvirmos, principalmente de autoridades públicas, que a geografia influencia diretamente na ação de prevenção por parte do poder público. Não estão errados se pensarmos que o clima, a expansão urbana, o relevo, as ocupações desordenadas, principalmente das encostas, entre outros fatores, implicam diretamente no modo de vida do ser humano, ainda mais quando por questão de adaptação e sobrevivência ocupa o seu espaço no meio.
Esse mesmo ser humano não percebe que pode afetar o meio ambiente e colocar em risco sua própria vida.
A Ilha de Vitória, a cada ano que passa, apresenta problemas de infraestrutura para acomodar uma população residente cada vez maior e outra resultante da migração pendular, momentânea e diária, composta por moradores de outros municípios que trabalham e buscam os serviços existentes na capital e que faltam em seus municípios.
A topografia de Vitória é um desafio, o mapeamento geomorfológico facilitaria o trabalho de setores como da segurança pública, serviços básicos (água, luz e telefone) e ações sociais.
Sun Tzu, no seu livro a Arte da Guerra, já tratava da importância da geografia como uma aliada, alertando para condições de locais, solos e rios. Vantagens essas que dependeriam a maior parte dos sucessos militares.
Falava em inimigos quando se referia aos terrenos, cujas condições de vantagens mostrariam situações diferentes e que deveria se conhecer todos esses terrenos com perfeição.
Podemos citar exemplos de personagens históricos que, por não utilizarem a geografia, até mesmo por desconhecimento, foram derrotados em suas campanhas, como Napoleão Bonaparte na Campanha da Rússia (1812), onde enfrentou condições climáticas adversas e não planejou que seu exército teria longos dias de caminhada em um território pobre e imenso. De um exército de cerca de 680 mil homens, menos de 100 mil conseguiram deixar o território russo.
Alexandre, o Grande, expandiu seu reino até a Índia, conseguindo diversos avanços, principalmente no campo da geografia, sendo um grande incentivador da cultura helênica, a qual tanto admirava e de suas viagens surgiram contatos, rotas, comércio e fundações de diversas cidades.
O tenente-general Tadamichi Kuribayashi, do Exército Imperial Japonês, em 8 de junho de 1944, recebe ordens para defender a ilha de Iwo Jima. Reconhecendo a sua inferioridade perante as forças dos Estados Unidos, utilizando da topografia da ilha, construiu mais de 18 km de túneis e 5.000 cavernas e bunkers, dessa forma retardando o avanço americano.
A geografia pode ser aliada do poder público no planejamento de ações que visam à mobilidade urbana, ações sociais e na prevenção de eventos climáticos que resultem em enchentes e deslizamentos de encostas.
Dessa forma, poderemos ter respostas melhores e eficazes para os problemas urbanos que afligem Vitória e outros municípios do Espírito Santo.
Marcos Cesar Luna da Silva é bacharel em Geografia
SUGERIMOS PARA VOCÊ:
Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna