Vida saudável é uma jornada de boas escolhas
Atividades do dia a dia, como se locomover, fazer exercícios e se comunicar de forma independente, podem parecer simples e corriqueiras para pessoas jovens e adultas que desfrutam de boa saúde. Mas para se chegar à terceira idade com saúde física, mental e autonomia, é fundamental apostar em qualidade de vida.
É claro que sempre é tempo de cuidar da saúde, eliminando velhos vícios e adotando medidas que ajudam a fortalecer o corpo e a mente, mas é importante lembrar que a saúde é fruto de uma jornada que inclui escolhas, ações e consequências.
Nesses tempos difíceis em que enfrentamos tantas ameaças à saúde (pandemia, acesso precário à assistência e tratamentos médicos), é fundamental estar atento aos cuidados básicos que devemos adotar no nosso dia a dia.
Segundo um estudo do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos, problemas como obesidade abdominal e fraqueza muscular contribuem para o com o declínio funcional dos idosos. Quando isso ocorre, compromete a capacidade de realizar atividades corriqueiras, como segurar objetos ou se equilibrar.
Esse é um exemplo de como nossas escolhas repercutem ao longo da vida. Se, por um lado, todos sonham com uma vida longa, há também a necessidade de uma velhice com qualidade e disposição para desfrutar tudo de bom que a terceira idade tem a oferecer.
Estimativas oficiais mostram que a tendência é haja um número bem maior de idosos nas próximas décadas e, com base nessas projeções, concluímos que as pessoas irão viver mais. Mas como irão desfrutar da sua longevidade? Esse é um questionamento importante, mas como para muitos o envelhecimento ainda parece ser algo distante, não há uma real prioridade em se comprometer com uma vida saudável partindo do agora.
Cuidar da saúde sempre será um desafio, tanto por conta das precariedades externas quanto pelos bloqueios internos e resistências pessoais. Mas aquele velho ditado “é melhor prevenir do que remediar” precisa ser absorvido como prioridade.
Em um trabalho publicado na revista Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry, cientistas canadenses e britânicos concluíram que um organismo mais fraco tem maior predisposição para doenças neurodegenerativas – que tem o Alzheimer como tipo mais comum – mesmo entre pessoas com baixo risco genético de desenvolvê-las.
Ou seja, um estilo de vida saudável contribui também para prevenir a demência. Embora esse não seja o único fator de prevenção porque o problema ainda esconde causas desconhecidas, esse estudo mostra que a adoção de hábitos salutares, como a prática de atividades físicas e boa alimentação, por exemplo, enfraquece o risco de se contrair essas doenças, que por sua vez ainda desafiam a Medicina.
Priorizar a saúde é investir na longevidade. E esse investimento requer escolhas sadias, que exigem esforços e renúncias, mas trazem resultados positivos que fazem toda a diferença a curto, médio e longo prazos.
GUSTAVO GENELHU é médico geriatra.