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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Odor do inferno

Artigo publicado no jornal A Tribuna de domingo

Pedro Valls Feu Rosa | 27/03/2023, 17:36 17:36 h | Atualizado em 27/03/2023, 18:24

Imagem ilustrativa da imagem Odor do inferno
Colunista de A Tribuna, Pedro Valls Feu Rosa |  Foto: Divulgação

Dia desses li um estudo divulgado no ano 2000, segundo o qual a poluição do ar está relacionada a 550 mil mortes prematuras somente na Europa. São pessoas em idade produtiva cujas vidas se encerram prematuramente por conta de doenças cardíacas, câncer etc. 

Retiremos da equação o aspecto humano e fiquemos apenas com o material. Será quando constataremos, abismados, que estas mortes custavam ao continente europeu, a cada ano, nada menos que 115 bilhões de euros. 

Decidi pesquisar mais sobre o tema. Descobri que apenas em 2013 a poluição do ar – e só ela – ceifou a vida de 5,5 milhões de pessoas. Vamos aos custos econômicos desta mortandade: 1% do PIB planetário, consideradas as perdas em produtividade, gastos com tratamentos etc. 

Mas voltemos ao aspecto humano. Segundo constatado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), os “poluentes não se limitam a causar danos aos pulmões em desenvolvimento das crianças – eles podem se infiltrar no sistema vascular cerebral, causando danos permanentes ao cérebro”. 

São elas, as crianças inocentes, por tantos hipócritas cinicamente apontadas como “o nosso futuro”, as principais vítimas dessa poluição assassina. Só em mortes, desconsiderados os casos de doenças crônicas, foram 658 mil em 2012, conforme estimativa da Organização Mundial de Saúde (crianças com menos de 5 anos de idade). Chegamos a 2017 e a situação só piorou: saltou para 1,7 milhão de crianças.

Avançamos para 2020, ano no qual constatou-se que cada habitante de Londres perde 1.138 libras a cada ano somente por conta das doenças que a poluição causa. Em Portugal 809 euros. E a Europa como um todo inacreditáveis US$ 190 bilhões.

Calculou-se que apenas no Reino Unido a cada ano são perdidos 3 milhões de dias de trabalho por conta desta praga. Aqui no Brasil constatou-se, no já distante ano de 2009, que gastamos R$ 14 por segundo para tratar sequelas respiratórias e cardiovasculares de vítimas da poluição – e que perdíamos 31 vidas por dia.

Diante destes dados fiquei a recordar uma pesquisa divulgada nos idos de 2008 pelo IBGE, segundo a qual Vitória apresenta quantidade de enxofre no ar superior à de São Paulo – nesta, oito microgramas por metro cúbico de ar contra dez daquela. 

Passados uns oito anos li na imprensa que “o médico Luiz Werber Bandeira, chefe da área de Imunologia Clínica e Experimental da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, é definitivo ao afirmar que nenhum dos moradores da Grande Vitória ficará livre de doenças produzidas pela poluição do ar”. 

Dessas moléstias, esclarece, “80% são cardiovasculares; o restante se divide entre doenças pulmonares crônicas, infecções respiratórias agudas e câncer de pulmão”. 

Pois é. A esta altura algum desavisado poderia imaginar que o título deste texto é relativo ao cheiro característico do enxofre. Nada mais falso. Seja ele, antes, um alerta aos tantos que pelo mundo afora, por ação ou omissão, vitimam impunemente toda uma população indefesa há décadas, esquecendo-se de que as coisas da vida passam – e passam muito depressa.

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