O turismo capixaba precisa romper barreiras
O Espírito Santo foi destino de 2,3% do público de turistas que viajaram em território nacional
Recentemente uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o turista que visitou o Espírito Santo em 2021 teve gasto médio per capita de R$ 179 por dia de viagem. Os números revelam um viés que a meu ver não deve ser levado em consideração. O turismo não deve discriminar ou fazer juízo de valores.
O turismo é para todos. É um setor muito plural e qualquer um que venha ao Estado, independente do valor que tem para gastar, será bem-vindo.
Hoje nosso Estado tem crescido no setor turístico, tem se desenvolvido em atividades e se posicionado na região Sudeste, principalmente, por não haver fronteiras. Temos um turismo para todos. Seja para aquele visitante que vem ao Estado e busca realizar a convenção de sua empresa, ou o turista que vem de outros estados e fica na casa de parentes, em uma viagem mais econômica.
Um dado que se deve levar em consideração é o aumento no número do turismo de proximidade – que teve crescimento expressivo por conta da pandemia. O Estado ganha com isso quando tem uma localização estratégica, entre o Sudeste e o Nordeste.
Além disso, somos um lugar onde é possível ir do mar à montanha em 40 minutos. Saímos na frente nesse quesito e temos a ganhar com esse tipo de turismo.
Segundo o levantamento, o Espírito Santo foi destino de 2,3% do público de turistas que viajaram em território nacional durante o período. Mas para crescer é preciso furar o bloqueio turístico brasileiro – onde 70% do turismo é comandado por seis estados: Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
A solução para furar esse bloqueio seria a inserção de mais eventos capixabas nos calendários nacionais, com ampla divulgação. Eventos como os Passos de Anchieta já atraem turistas, mas é preciso mais. Um centro de convenções seria outro grande atrativo para nos destacar na prateleira nacional do turismo, assim como um resort all inclusive.
Temos praias maravilhosas e potencial para isso, mas como atrair esses investimentos para cá? Devemos refletir sobre isso, mas essa reflexão deve começar com o primeiro setor.
Não existe turismo sem o primeiro setor e é esse setor tem que dar a mão. Prefeituras, governos dos estados e o federal precisam de um plano de desenvolvimento e fomento dos turismos regionais. É preciso apoio. É preciso se posicionar em favor do turismo e quando o primeiro setor se posiciona, acontece o que aconteceu em outras regiões que tiveram grande desenvolvimento – como em Gramado, na região Sul do Brasil.
É o desenvolvimento que gera empregos, traz riqueza e tem efeito multiplicador em toda a cadeia econômica capixaba. É necessário mais trabalho, persistência e engajamento. De um modo geral, o Espírito Santo está lutando pelo lugar dele. Acredito que nós vamos conseguir e que temos chance para isso.
NERLEO CAUS é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Estado (ABIH-ES)