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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

O que esperar do homem no Dia da Mulher

| 07/03/2021, 09:32 09:32 h | Atualizado em 07/03/2021, 09:37

Alerta inicial: homens, este texto foi escrito para nós. Pois bem. Esqueçamos as flores, o chocolate, o jantarzinho fora e os parabéns. Melhor dizendo, flores, doces e outras manifestações de carinho são sempre bem-vindas, mas não são propriamente uma homenagem.

Se queremos realmente demonstrar admiração e respeito pelas mulheres que nos cercam, não nos esqueçamos um só minuto de que elas sofrem discriminação e tratamento desigual em praticamente todos os ambientes por elas frequentados, inclusive – e principalmente, dentro de casa. Se marido e mulher trabalham fora, por que razão as tarefas domésticas permanecem majoritariamente a cargo da esposa ou companheira? Por que os cuidados com os filhos são assumidos, sobretudo, pela mãe?

Por que são as mães, na maioria dos casos, que levam e buscam as crianças no colégio, que frequentam as reuniões escolares, que acompanham os filhos ao médico? Isso sem falar na baixa representatividade das mulheres nas posições de poder e hierarquia.

Enquanto mais da metade da população brasileira é formada por pessoas do sexo feminino, estas representam menos de 15% das vagas do Congresso Nacional. E tal discrepância se observa, igualmente, nas assembleias legislativas e câmaras municipais.

Na cúpula do Judiciário, apenas 2 dos 11 ministros do STF são mulheres. Já no Executivo federal, o Brasil teve apenas uma representante feminina na Presidência da República. O quadro não é diferente na iniciativa privada. Basta pesquisar qual é o sexo dos executivos das maiores empresas do País.

Ascender socioeconomicamente é tarefa muito mais árdua para a mulher do que para o homem. Há pesquisas que demonstram – absurdo dos absurdos – a existência de diferenças salariais entre ambos os sexos no desempenho de idênticas funções.

Como se não bastassem tais dados, é na miudeza do cotidiano que as maiores violências são praticadas contra o sexo feminino. Desde críticas à roupa curta ou transparente usada por uma mulher; passando por zombarias e ofensas dirigidas à forma física daquela que não se curva à ditadura da magreza; ainda, por assédio ostensivo e constrangimentos morais e sexuais em ambientes de trabalho, salas fechadas, cantos de corredores, elevadores e portas de banheiros; até mesmo agressões físicas e violações sexuais.

Há, também, atitudes opressoras que se manifestam de maneira mais sutil – mas não menos devastadoras, do ponto de vista moral e psíquico. O tão presente hábito masculino de explicar o que a mulher está dizendo (“mansplaining”), em tom professoral e condescendente, como se ela própria não o pudesse fazer ou já não tivesse sido clara o bastante. O corriqueiro costume que, em geral, os homens praticam – mas outras mulheres também – de interromper uma fala feminina para redarguir, replicar ou simplesmente cortar o assunto (“manterrupting”). São incontáveis e variadas as violências dirigidas à figura da mulher.
Nesta época em que se celebra seu Dia Internacional, tenhamos a dignidade de homenageá-las com um sincero exame de consciência e um firme compromisso de mudança de práticas.

Carlos Fonseca é magistrado e escritor.

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