O meio ambiente e as crianças
Confira a coluna desta segunda-feira (17)
Há alguns anos ecoaria com normalidade refutar previsões de catástrofes ambientais. Infelizmente, esse tempo acabou e os efeitos negativos impactam a qualidade de vida de todos, sobretudo de crianças e adolescentes. Um exemplo claro é apresentado pelo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef): eventos climáticos deixaram 1,7 milhão de alunos brasileiros sem aulas em 2024.
Não há como negar: a crise climática que enfrentamos é resultado direto das nossas ações sobre a natureza. Emissões de gases decorrentes de incêndios florestais, como os que assolaram vários estados brasileiros em 2024; da queima de combustíveis fósseis; e de outras atividades humanas têm aumentado a temperatura do planeta, colocando em xeque o nosso estilo de vida.
Assim, evidencia-se a urgência de uma ação coletiva e consciente sobre o meio ambiente. Além disso, é preciso pensar em como fica a saúde psíquica dessa população após passar uma tragédia de tamanha magnitude. Muitos presenciaram perdas materiais e até o falecimento de pessoas próximas. Como fazer uma criança e/ou um adolescente voltar à normalidade após algo assim?
Neste contexto, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem se mobilizado para sensibilizar pediatras, educadores e a população sobre a importância da natureza para o desenvolvimento pleno de crianças e adolescentes. O contato com áreas verdes é fundamental para o crescimento infantil e o processo de descoberta do mundo.
Para que uma criança saiba da importância da natureza é primordial que a escola fale sobre o tema. Da mesma forma, em casa, os pais precisam colocar em prática o que é ensinado em sala de aula, como separar resíduos, investir em alimentação saudável e consumir de um jeito consciente.
A discussão sobre esse tema deve ser constante, abrangendo todas as esferas da sociedade. Inclusive, a SBP incentiva pediatras a abordarem a temática ambiental em suas consultas, reforçando para os pais a importância de sua participação na construção de um futuro sustentável para as próximas gerações.
Por fim, deixo aqui questões para pais, pediatras e educadores: o que estamos fazendo, como sociedade civil, para mitigar os efeitos do aquecimento global? Como estamos discutindo o tema com nossos filhos? Temos pressionado para que o poder público adote medidas eficazes?
E nós, o que temos feito? Estamos separando nosso lixo? Quando algo quebra, consertamos ou “jogamos fora”? Descartamos remédios, pilhas e lâmpadas nos pontos de coleta ou mandamos tudo para o aterro? Quando vamos tomar um suco ainda pedimos canudo de plástico?
É hora de unirmos forças para (re)construir um mundo mais digno, menos poluído e mais saudável para nossas crianças e adolescentes. A mudança que queremos para nossos filhos e netos precisa começar agora, pois só assim teremos uma nova consciência ambiental.
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