O conforto térmico no ambiente urbano
Coluna foi publicada nesta quinta-feira (27)
Nesses tempos de ondas de calor cada vez mais severas e sensação térmica sufocante, inevitavelmente somos vencidos pelo desânimo. Em casa, no trabalho, e nos deslocamentos, o ar-condicionado é indispensável. No Espírito Santo, recordamos da criação de um aspersor gigante, executado em uma praça em Cachoeiro do Itapemirim. Na época, a proposta não foi bem recebida. Em outra escala, lembramos quando Lucio Costa, em sua proposta urbanística para a cidade de Brasília, estabeleceu a criação de dois grandes espelhos d’água: os Lagos Norte e Sul. Com a ausência, dificilmente alguém moraria por lá.
Em Vitória e na Região Metropolitana, temos fontes naturais de umidificação do ar, provenientes do mar e trazidas pelo vento Nordeste, já nos bairros mais centrais a circulação do ar já está comprometida. Em paralelo, o combate à dengue estimulou políticas públicas de extermínio dos espelhos d’água, que ainda existiam nos parques e nas praças, além daqueles comumente encontrados em alguns prédios residenciais e comerciais.
Nas ruas e avenidas predominam os espaços desprotegidos da incidência solar. A avenida Leitão da Silva é um exemplo. Nas edificações é comum a utilização de materiais que absorvem o calor e a radiação solar. Lajes expostas e telhados com materiais de elevada absorção térmica contribuem na condução do calor para o interior das construções.
Raro presenciarmos edificações com brises ou alguma proteção térmica. É importante que orquestremos a retomada de ações para reverter esse processo. Isso vale para as edificações, assim como nos ambientes ao ar livre e nas vias públicas. Nos morros do entorno das cidades, é premente o reflorestamento, na malha urbana, precisamos de árvores e sombra. O sombreamento das vias é bem-vindo, além de favorecer a vida da fauna urbana. São muitas as cidades capixabas que necessitam dessa intervenção em larga escala. Cito, como exemplo, alguns bairros de Vila Velha, Serra, e as cidades de Cachoeiro do Itapemirim e Colatina.
Nas construções – tanto públicas quanto privadas – é crucial estimular o plantio de vegetação e o subsídio à utilização de materiais e tintas de cores claras. No entorno de cada equipamento público e em edificações privadas, há a necessidade de mais áreas verdes, novas praças, mais árvores, pergolados e sombra, muita sombra.
Faz-se urgente estimular o plantio de vegetação, reflorestar áreas degradadas e preservar aquelas remanescentes. Sempre pareceu tão simples no passado... e esse ponto de vista paisagístico, de aposta na qualidade de vida dos indivíduos que habitam a cidade, ainda vale a pena ser reverberado no presente.