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Tribuna Livre

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Leitores do Jornal A Tribuna

O conforto térmico no ambiente urbano

Coluna foi publicada nesta quinta-feira (27)

Eduardo Pasquinelli Rocio | 27/06/2024, 11:19 h | Atualizado em 27/06/2024, 11:19

Imagem ilustrativa da imagem O conforto térmico no ambiente urbano
Em tempos de ondas de calor cada vez mais intensas, é necessário pensar em conforto térmico nos ambientes urbanos |  Foto: Divulgação/Canva

Nesses tempos de ondas de calor cada vez mais severas e sensação térmica sufocante, inevitavelmente somos vencidos pelo desânimo. Em casa, no trabalho, e nos deslocamentos, o ar-condicionado é indispensável. No Espírito Santo, recordamos da criação de um aspersor gigante, executado em uma praça em Cachoeiro do Itapemirim. Na época, a proposta não foi bem recebida. Em outra escala, lembramos quando Lucio Costa, em sua proposta urbanística para a cidade de Brasília, estabeleceu a criação de dois grandes espelhos d’água: os Lagos Norte e Sul. Com a ausência, dificilmente alguém moraria por lá.

Em Vitória e na Região Metropolitana, temos fontes naturais de umidificação do ar, provenientes do mar e trazidas pelo vento Nordeste, já nos bairros mais centrais a circulação do ar já está comprometida. Em paralelo, o combate à dengue estimulou políticas públicas de extermínio dos espelhos d’água, que ainda existiam nos parques e nas praças, além daqueles comumente encontrados em alguns prédios residenciais e comerciais.

Nas ruas e avenidas predominam os espaços desprotegidos da incidência solar. A avenida Leitão da Silva é um exemplo. Nas edificações é comum a utilização de materiais que absorvem o calor e a radiação solar. Lajes expostas e telhados com materiais de elevada absorção térmica contribuem na condução do calor para o interior das construções.

Raro presenciarmos edificações com brises ou alguma proteção térmica. É importante que orquestremos a retomada de ações para reverter esse processo. Isso vale para as edificações, assim como nos ambientes ao ar livre e nas vias públicas. Nos morros do entorno das cidades, é premente o reflorestamento, na malha urbana, precisamos de árvores e sombra. O sombreamento das vias é bem-vindo, além de favorecer a vida da fauna urbana. São muitas as cidades capixabas que necessitam dessa intervenção em larga escala. Cito, como exemplo, alguns bairros de Vila Velha, Serra, e as cidades de Cachoeiro do Itapemirim e Colatina.

Nas construções – tanto públicas quanto privadas – é crucial estimular o plantio de vegetação e o subsídio à utilização de materiais e tintas de cores claras. No entorno de cada equipamento público e em edificações privadas, há a necessidade de mais áreas verdes, novas praças, mais árvores, pergolados e sombra, muita sombra.

Faz-se urgente estimular o plantio de vegetação, reflorestar áreas degradadas e preservar aquelas remanescentes. Sempre pareceu tão simples no passado... e esse ponto de vista paisagístico, de aposta na qualidade de vida dos indivíduos que habitam a cidade, ainda vale a pena ser reverberado no presente.

Imagem ilustrativa da imagem O conforto térmico no ambiente urbano
Eduardo Pasquinelli Rocio é arquiteto urbanista, conselheiro do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Espírito Santo (IAB-ES) e vice-presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea-ES) |  Foto: Divulgação

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