Longevidade conquista-se com autocuidado
A expectativa de vida do brasileiro cresceu muito nas últimas décadas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1940 até hoje, 31 anos foram adicionados à expectativa de vida do cidadão. A estrutura da pirâmide etária da população brasileira está em processo de mudança e, até 2050, terá se alterado significativamente. Há 20 anos, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos existiam 24,7 idosos de 65 anos ou mais.
Em 2050, neste mesmo contexto, o cenário muda para 172,7 idosos, conforme os dados do IBGE.
Essa longevidade em massa da população é fruto de políticas públicas de saneamento, vacinação, avanço do saber médico e a conscientização da população sobre a necessidade de manter uma dieta saudável e evitar maus hábitos como o tabagismo.
É muito comum ouvir dos pacientes que até os 50 anos não sentiam nenhuma dor, porém, ao completar 50 anos ou mais, sentem que há uma virada de chave e as dores começam a surgir em várias partes do corpo como nos cotovelos, coluna, joelhos, punhos e ombros.
A longevidade da população veio acompanhada de outros problemas, frutos de uma geração fortemente impactada pela indústria farmacêutica que prefere usar paliativos como automedicação para aliviar a dor.
Antes de tudo, precisamos esclarecer que sentir dor não é normal. A dor é um sinal emitido pelo corpo, manifestando um problema, chamando a atenção do nosso sistema nervoso que aquele local carece de atenção.
A dor no corpo pode ter diversas causas, podendo ser de origem traumática, degenerativa ou até mesmo de fundo emocional, mas aqui vamos abordar da dor mais comum em pacientes idosos, a decorrente da degeneração dos tendões.
A grande maioria da população aos 50 anos é oriunda de uma cultura, na qual a atividade física regular não era vista como uma necessidade e muitos expressam com orgulho a ojeriza que sentem pela prática regular de exercícios.
Essa é a população típica que manifesta as queixas de dor ao envelhecer, habitualmente com sobrepeso, e luta contra realizar atividades aeróbica ou com carga de forma regular, evolui com sarcopenia – baixa massa muscular – e degeneração de seus tendões.
Ninguém fica mais feliz com a baixa adesão à atividade física regular do que as indústrias de medicamento, que enchem o bolso com pílulas sintomáticas, prometendo curar de inflamações ou suplementar colágeno em indivíduos que não estimulam o corpo a se manter ativo ou saudável.
A verdade é que a cura para as mais frequentes dores da velhice está na mudança de hábitos de vida, estimular seu corpo a melhorar a qualidade de seus tecidos com carga de forma regular.
Então, o caminho para a longevidade é ainda a prevenção e o autocuidado. Por isso, não ignore as dores no corpo, não se automedique e cuide do seu corpo jovem para ter uma velhice saudável.
Nilo Neto é ortopedista.