Jubileu da esperança
Confira a coluna desta segunda-feira (20)
Não existe povo que não celebre festas, pois elas revelam, de forma expressiva, a sua cultura e os seus ideais. As festas são, também, uma constante na história das religiões: elas, de fato, além de marcar uma ruptura com a monotonia do dia a dia da vida, celebram eventos significativos de seu itinerário histórico. Jesus – anotam os evangelistas – amava participar das festas de seu povo: Páscoa, Pentecostes, Tendas, Consagração do Templo e Expiações; O viram peregrino, com os seus discípulos.
Uma das festas mais significativas do povo de Israel era o Ano Jubilar: celebrado a cada 50 anos, durava um ano inteiro. O livro do Levítico prescrevia: neste tempo, “os escravos deviam ser libertados, as dívidas perdoadas e as terras devolvidas aos antigos proprietários”.
O sentido do Ano Jubilar era reafirmar Javé como o proprietário radical das pessoas, das terras e dos bens e a vocação específica do homem: ser seu administrador, dedicado e competente. Papa Bonifácio VIII, inspirando-se nessa tradição judaica, instituiu, em 1300, o primeiro Ano Jubilar da história da Igreja.
O tema do Jubileu 2025, “Peregrinos da esperança”, retoma o texto programático do pontificado do Papa Francisco, “A Alegria do Evangelho”, em que todos são interpelado para não se deixarem “roubar a esperança”. Na “Bula” de convocação: “A Esperança não Delude” – se inspira na carta de Paulo aos Romanos – o Papa realça: “além da fé e da caridade, um dos aspectos mais importantes da vida cristã é a esperança. O sonho de um mundo novo, o Reino, em que os homens, pondo os olhos, uns nos olhos dos outros, descobrem-se irmãos, porque filhos do mesmo Pai e herdeiros de seu Reinado”.
No espírito do Jubileu bíblico, Papa Francisco convida todos a valorizar as sementes do Reino, lançadas por Deus no coração dos homens e no chão da nossa sociedade: desejo de paz dos povos; promoção dos direitos humanos e da democracia; abertura à vida, desde o seu concebimento; paternidade e maternidade responsável; assistência adequada aos doentes; formação integral aos jovens; serviço eficiente aos emigrantes e refugiados; uma atenção carinhosa aos idosos, às vezes, abandonados; solicitude pelos mais pobres e fragilizados; enfim, cuidados com a casa comum, a ecologia.
Papa Francisco, no dia 24, vigília do Natal passado, abriu a “Porta Santa”, na “Basílica de São Pedro”, em Roma, e, no dia 26 de dezembro, numa cadeia romana, a fim de exortar os governantes a tomarem iniciativas, para restituir esperança aos presos e às categorias mais marginalizadas da sociedade.
No dia 29 de dezembro, houve a abertura da “Porta Santa”, em todas as Igrejas-catedrais do mundo inteiro: “Viver o espírito do Jubileu – exorta Papa Francisco – é olhar para Cristo, de modo renovado, e fazer com que a riqueza de sua luz ilumine os corações e o convívio humano, suas culturas e crenças; tomar o lado dos excluídos, a semelhança de Cristo, que “de rico se fez pobre”, na convicção, de que o amor é o caminho que leva à esperança de um futuro sereno e feliz para todos”.