Impacto da reforma tributária na herança
Coluna foi publicada nesta sexta-feira (04)
Como advogada especializada em direito tributário, planejamento sucessório e holdings familiares, observo de perto a reforma tributária e seu impacto nos impostos patrimoniais. É um tema de profunda relevância, especialmente doloroso para quem, já em luto, enfrenta a perda de até 8% da herança em tributos, além dos inevitáveis custos legais e emolumentos.
Atualmente, o sistema tributário brasileiro que afeta o patrimônio é regido pelo Imposto de Causa Mortis e Transmissão de Doações (ITCMD), cujas alíquotas podem chegar a 8%, e variam muito entre os países. Este imposto afeta a transmissão de bens ou direitos e é fundamental para a gestão e planeamento de patrimônios.
Veja como esse imposto afeta a transmissão de bens ou direitos e é fundamental para a gestão e planejamento de patrimônios. Antes dessa reforma, cada estado tinha a autonomia de definir suas próprias alíquotas, que geralmente eram fixas. Agora, os estados serão obrigados a adotar alíquotas progressivas, o que significa que quanto maior o valor da herança ou doação, maior será a alíquota do imposto aplicada. Essa mudança afeta principalmente os estados que ainda não tinham alíquotas progressivas implementadas.
Para reduzir os problemas e as implicações fiscais da herança, constituir uma Holding familiar revela-se uma estratégia eficaz. Este modelo de negócio centraliza a gestão de ativos, proporcionando não apenas uma organização mais eficiente, mas também condições fiscais mais favoráveis. Na prática, os impostos sobre a distribuição de lucros geralmente resultam em custos menores do que as taxas impostas sobre transferências diretas de propriedade devido a falecimentos.
Uma elevação da alíquota máxima é uma das minhas grandes preocupações, pois isso poderia aumentar substancialmente a carga financeira sobre os herdeiros, impactando negativamente na acumulação e na transferência intergeracional de riquezas.
Além disso, a proposta de alteração na base de cálculo do imposto para o valor de mercado em vez do valor venal poderia significar um aumento considerável no imposto devido, complicando ainda mais os processos de avaliação de bens.
A reforma tributária, no que tange às heranças, destaca a influência profunda que mudanças legislativas podem ter sobre a vida econômica e pessoal dos cidadãos. As futuras normas, uma vez implementadas, vão demandar uma reavaliação meticulosa das estratégias de planejamento patrimonial e sucessório, enfatizando a necessidade de constante atualização e adaptação frente às novidades no sistema tributário brasileiro.
É crucial que profissionais e interessados permaneçam bem informados e preparados para adaptar suas estratégias de planejamento sucessório frente às possíveis mudanças. Uma compreensão aprofundada das novas regulamentações é vital para mitigar os possíveis impactos tributários sobre as heranças.