Governança e gestão de riscos
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (24)
A catástrofe de 2024 no Rio Grande do Sul, provocada por chuvas intensas, resultou em deslizamentos de terra, destruição de infraestrutura e perdas significativas de vidas e propriedades. A gravidade do desastre exigia uma resposta rápida e coordenada, que, infelizmente, não se materializou de forma adequada.
A tomada de decisões por parte das estruturas governamentais, bem como a implementação de políticas para identificar, avaliar e priorizar riscos foi aplicada tardiamente. Como resultado, mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas, direta ou indiretamente, e cerca de 600 mil ficaram desabrigadas. Como explicar tamanha tragédia?
Em primeiro lugar, faltou gestão de riscos, o que envolve identificar, avaliar e priorizar os impactos das chuvas para aplicar recursos de modo a minimizar, monitorar e controlar a probabilidade de consequências negativas para a população.
Porém, essa falta de organização não é exclusiva do Rio Grande do Sul. Nos níveis municipal, estadual e federal, os governos em geral têm mostrado uma carência em medidas preventivas adequadas e na implementação de protocolos de resposta rápida. Estudos recentes indicam que a falta de planejamento e preparação é uma falha comum em regiões suscetíveis a desastres naturais.
Outro ponto crucial que contribuiu com a catástrofe foi a ineficiência da comunicação entre as diferentes esferas do governo e com a população. A demora na disseminação de informações precisas e a ausência de um sistema eficaz de alerta precoce contribuíram para o aumento das perdas humanas e materiais. Em situações de crise, a comunicação clara e eficaz é essencial.
A coordenação entre as agências de resposta, como Defesa Civil, bombeiros e forças de segurança, também foi inadequada. A falta de uma liderança centralizada e a indefinição das responsabilidades de cada órgão dificultaram a implementação de ações conjuntas e eficazes. Vivenciou-se a demora na resposta, que contribuiu para um número maior de mortes e maiores danos materiais.
Além disso, a infraestrutura de muitas áreas afetadas não estava preparada para enfrentar um desastre dessa magnitude. A falta de investimentos prévios em infraestrutura resiliente, como sistemas de drenagem adequados e construções seguras, agravou os danos causados pelas enchentes. Ter uma infraestrutura resiliente é crucial para minimizar os impactos dos desastres naturais.
A enchente vivida pelo povo gaúcho resultou em custos elevados para a recuperação e reconstrução, que poderiam ter sido mitigados com uma gestão de riscos eficiente. Além disso, a insegurança e o trauma psicológico vivenciados pelas vítimas foram exacerbados pela percepção de abandono e inação governamental.
Para evitar futuras tragédias de magnitude semelhante, é imperativo que os governos invistam em planejamento preventivo, melhoria da comunicação, coordenação eficiente entre agências e infraestrutura resiliente. Somente assim será possível minimizar os impactos de desastres naturais e proteger a população de maneira tempestiva e eficaz.