Fim de ano, balanços e planos: os desafios à saúde mental
Leia a coluna desta sexta-feira (27)
O mês de dezembro marca as festas de fim de ano e também se liga a momentos de confraternização, seja entre familiares, amigos e colegas de trabalho. Um período que incentiva o consumo e quando muitas pessoas viajam para suas cidades natais para reencontrar os familiares. Além disso, é comum que muitos façam um balanço do ano que se encerra e estabeleçam metas para o novo ano.
Todos esses movimentos de vida, estimulados pela nossa cultura em dezembro, podem levar algumas pessoas a vivenciarem sentimentos de angústia ou vazio. Quem está enfrentando o luto, por exemplo, pode sentir a ausência de um ente querido ainda mais profundamente nesse período. Esse processo, frequentemente intensificado por pressões externas, como redes sociais e normas sociais implícitas, pode impactar a saúde mental.
Nas redes sociais, esse desconforto com o período de fim de ano ganhou um nome informal: “síndrome de fim de ano” ou “dezembrite”. Vale ressaltar, entretanto, que esses não são diagnósticos formais, mas expressam como esse mal-estar, associado às festas de fim de ano, é percebido coletivamente, já fazendo parte da cultura popular.
Sensações de vazio, frustração, medo do futuro, ansiedade, tristeza e falta de vontade de participar das celebrações são comuns nessa época, tornando as festas de fim de ano um momento desafiador para aqueles que não conseguem se conectar com as expectativas sociais do período.
O que fazer diante dessa situação? Para lidar com esse cenário, é essencial adotar uma abordagem compassiva e realista. Em primeiro lugar, é importante ressignificar o conceito de metas. Em vez de listas rígidas, que frequentemente ignoram as circunstâncias, as metas podem ser encaradas como diretrizes flexíveis, alinhadas aos valores pessoais e adaptáveis às mudanças.
Pesquisas sugerem que objetivos focados em bem-estar e qualidade de vida, em vez de métricas externas, como adquirir um bem material ou fazer uma viagem internacional, têm maior probabilidade de sucesso e de gerar satisfação pessoal.
Celebrar pequenos avanços também é uma prática frequentemente negligenciada. Em um ano repleto de incertezas, conquistas como preservar a saúde mental, manter conexões sociais ou superar dificuldades cotidianas têm valor inestimável.
O fim de ano pode ser, ainda, um momento para priorizar a saúde mental de maneira intencional. Buscar suporte profissional, quando necessário, e dedicar tempo ao autocuidado são estratégias fundamentais. Embora transtornos emocionais sejam comuns, a maioria pode ser tratada de forma eficaz com terapias, medicação ou combinação de ambas.
Assim, em vez de enxergar o fim de ano como um tribunal onde somos julgados pelo que fizemos ou deixamos de fazer, podemos ressignificar essa época como momento de reflexão sem cobranças excessivas.