Esperança e resiliência ao receber o diagnóstico de câncer
Confira a coluna desta terça-feira (21)
A jornada de um paciente que enfrenta o diagnóstico de uma doença ameaçadora à vida, como os cânceres hematológicos, é repleta de singularidades. Cada história é única, marcada por desafios, medos e, muitas vezes, pela incerteza quanto ao futuro. Entretanto, uma das lições mais importantes que podemos aprender é que a esperança e a manutenção de uma atitude positiva podem fazer toda a diferença nesse caminho tão delicado.
Mas, ao abordar a positividade, é fundamental evitar a armadilha da “positividade tóxica”. Qualquer pessoa que recebe o diagnóstico de uma condição de saúde tem o direito de sentir medo, raiva ou frustração.
Essas emoções são reações naturais a uma situação transformadora e potencialmente traumática. Um diagnóstico de câncer é um evento que impacta profundamente a vida do paciente e de seus familiares, exigindo tempo e espaço para processar as mudanças.
Permitir-se sentir essas emoções é essencial para que elas sejam acolhidas e trabalhadas, em vez de reprimidas.
Ao acolher suas emoções, o paciente pode começar a traçar um caminho para seguir em frente. Por isso, é importante que cada pessoa tenha a liberdade de construir sua própria experiência, respeitando sua individualidade e seus limites.
Um ponto de reflexão importante é que o câncer não deve ser encarado como uma sentença de morte. Graças aos avanços da medicina, muitos tipos de neoplasias contam hoje com tratamentos altamente eficazes.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), uma porcentagem significativa dos casos de câncer diagnosticados precocemente têm boas chances de cura.
Para além das estatísticas, o que realmente importa é como cada um escolhe viver esse processo. A forma como enfrentamos as adversidades pode redefinir o significado de nossas vidas. Mesmo diante das dificuldades, sempre há oportunidades para redescobrir a vida, seja na conexão com os entes queridos, na gratidão pelos pequenos momentos ou na busca por atividades que trazem alegria.
Um bom exemplo é dado por uma pesquisa da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, que indicou que pacientes com um perfil de pessimismo, depressão ou ansiedade tinham 1,7 vezes mais chances de serem internados novamente, na comparação com aqueles com uma saúde mental mais bem estruturada ou que faziam algum acompanhamento psicológico durante o tratamento oncológico.
Nesse contexto, a rede de apoio desempenha papel indispensável. Familiares, amigos, profissionais de saúde e grupos de suporte emocional podem oferecer um amparo valioso. Além disso, buscar ajuda psicológica ou psiquiátrica deve ser visto como um ato de coragem e autocuidado.
É importante que os pacientes possam encontrar acolhimento, suporte e resiliência para seguir em frente, descobrindo novas formas de valorizar a vida e ressignificar suas experiências.