Epidemia do olho seco: estilo de vida compromete a visão
Coluna foi publicada nesta sexta-feira (16)
Julho foi o mês de prevenção ao olho seco. Neste período, oftalmologistas de todo o Brasil se mobilizaram para alertar a população sobre essa incômoda doença caracterizada por apresentar uma sensação de peso, areia, ressecamento e vermelhidão nos olhos. A escolha do mês decorre do fato de que, neste período do ano, com o clima mais seco, os sintomas da disfunção se agravam.
Acredito, entretanto, que a atenção ao olho seco – doença que pode comprometer a qualidade da visão temporária ou definitivamente – precisa exceder o mês de julho.
É premente que sigamos com essa campanha, alertando a sociedade para o fato de estarmos enfrentando uma epidemia dessa incômoda doença por conta, em grande parte, do nosso estilo de vida. Nossos hábitos modernos estão entre os principais responsáveis pelo agravamento do problema.
Está crescendo significativamente o número de pessoas acometidas pela doença, caracterizada pela pouca ou má quantidade de lágrimas na vista, provocando a sensação de areia nos olhos, ardência, cansaço e embaçamento, entre outros sintomas.
Segundo dados da Tear Film Ocular Surface Society, maior organização de educação e pesquisa sobre o filme lacrimal do mundo, cerca de 18 milhões de pessoas no mundo sofrem, hoje, com a doença e a tendência é que o número continue aumentando.
Esse dado é corroborado por estudos recentes publicados pelas universidades federais de São Paulo e Campinas. De forma geral, suas pesquisas mostram o crescimento da doença do olho seco no Brasil, com índices bastante elevados, afetando cerca de 12,8% da população.
Em grandes cidades, como São Paulo, o estudo aponta que o problema chega a atingir cerca de 24% dos habitantes. Em outro levantamento, feito com 2 mil estudantes de duas instituições de ensino, o percentual também é alto: afeta 23% dos alunos.
Esses números confirmam que o olho seco cresce em cidades com mais poluição ambiental e estilo de vida moderno, e que os jovens estão sendo especialmente afetados por conta do excessivo uso das telas.
Contribuem ainda para o agravamento da doença o envelhecimento populacional, as cirurgias oftalmológicas, o uso de lentes de contato, a maquiagem, a nutrição e o sono inadequado.
Os medicamentos que tomamos para ansiedade, depressão e hipertensão representam outro fator que compromete a lubrificação da superfície dos olhos.
Daí a fundamental importância de informar à população sobre a seriedade da doença e os fatores que podem desencadeá-la. A prevenção passa por reduzir o tempo de uso de telas, entre outras práticas de vida mais saudáveis. Importante também saber que existem tratamentos capazes de aliviar os sintomas, repor e preservar a integridade das lágrimas. Mas, a recomendação é sempre procurar orientação de um oftalmologista.