Educação especial durante a pandemia aproxima pais e filhos
Que o isolamento social proposto como medida de prevenção à Covid19 tem possibilitado a reorganização e o fortalecimento dos núcleos familiares, isso é fato. O tempo, que antes nos faltava, agora sobra, e permite trabalharmos nossas rotinas e relações afetivas intrafamiliares.
No contexto da educação, o envolvimento das famílias nas atividades escolares diárias de seus filhos tem sido um ponto positivo desse tempo de pandemia. Alguns pais estão descobrindo os próprios filhos e compreendendo melhor suas habilidades e dificuldades escolares.
Os filhos têm a oportunidade de contar com a atenção qualitativa dos pais. Tal realidade é fundamental na formação da autonomia e da autoestima de nossas crianças e jovens, além de ser de extrema importância para o processo de aprendizagem de nossos alunos.
Porém, essa nova realidade de aulas virtuais tem se revelado mais desafiadora para as famílias de alunos de educação especial, devido a necessidade de somar-se ao apoio dos pais a disponibilização de conteúdos e materiais pedagógicos adaptados, por parte das instituições de ensino, bem como o acesso facilitado aos seus profissionais de educação especial.
Essa soma de esforços é fundamental para o sucesso do processo de aprendizagem, cujas dificuldades principais estão relacionadas diretamente às necessidades impostas por especificidades físicas, mentais e emocionais.
Para que possamos compreender melhor, a educação especial é uma modalidade de educação escolar que tem por finalidade unir a proposta pedagógica da escola regular com a promoção de serviços educacionais especializados aos alunos com deficiência, transtorno do espectro autista, altas habilidades/superdotação, entre outros.
Fundamentalmente, constitui-se em um processo de escolarização que visa o aprimoramento das capacidades e habilidades dos alunos, por meio: da oferta de acessibilidade locomotiva, pedagógica e humana; e do atendimento das necessidades e do respeito às individualidades e especificidades de cada aluno.
Nos últimos anos, a rede regular de ensino tem registrado um aumento considerável na demanda de matrículas para educação especial. Em 2019, segundo dados do Censo Escolar do Inep/MEC, o Brasil possuía 969.390 alunos de educação especial matriculados do infantil ao ensino médio, sendo 26.424 alunos no Estado do Espírito Santo.
A educação especial, quando implementada com dignidade, se torna uma ferramenta eficiente de inclusão social e desenvolvimento educacional e humano. É um processo onde todos ganham e a escola se fortalece em sua missão de formar cidadãos comprometidos com o conhecimento e com a construção de uma sociedade justa e igualitária.
Acredito, como profissional da área de educação especial e mãe de aluna de inclusão, que o despertar das famílias para a participação ativa no processo de aprendizagem de seus filhos, não delegando essa responsabilidade apenas à escola, é um passo importantíssimo na direção de conquistarmos a educação especial que merecemos em toda rede regular de ensino.
Kelly Lopes é psicanalista, pedagoga, arteterapeuta e mãe de aluna de educação especial.