Dor de garganta: em crianças, é preciso redobrar a atenção!
Coluna foi publicada no sábado (19)
Dor de garganta é algo comum, sim. Todos nós temos. E com as crianças é ainda mais recorrente e jamais pode ser ignorada. Especialmente na faixa etária entre 5 e 15 anos, é importante ter atenção a certos aspectos, como dor ao engolir, presença de pus na garganta, aumento dos gânglios nessa região, febre e desconforto.
Mais do que sintomas clássicos de faringite e amigdalite, esses podem ser indicativos de infecção por estreptococos. Algo bem mais grave e que pode abrir portas para o desenvolvimento de doenças como febre reumática, glomerulonefrite e síndrome Pandas.
Essas doenças também se caracterizam pela inflamação da faringe e amígdala, mas têm potencial de danos bem maiores quando não tratadas, por serem causadas pelos estreptococos beta-hemolítico do grupo A, também chamado de Piogenes. É um tipo de bactéria bastante nociva e que está presente em qualquer ambiente.

Os pais devem ficar atentos aos quadros que envolvem inflamações. Muitos ignoram as queixas das crianças por pensarem se tratar de algo comum – e só depois que o caso evolui é que procuram ajuda profissional.
É recomendável avaliar alguns aspectos relacionados aos sintomas. Casos de resfriado, que não são graves, sempre vêm acompanhados de tosse, coriza e congestão nasal, associada à dor de garganta. Esse é um ponto importante, pois afasta bastante a possibilidade de ter relação com a infecção por estreptococos.
Esse tipo de bactéria tem uma ação muito restrita à garganta e se manifesta principalmente por meio do aumento de gânglios, febre, desconforto grande, dores no corpo e na cabeça – e não apresenta reações típicas de resfriado.
Quadros com esses sintomas devem ser investigados o quanto antes. Até porque, se confirmada a infecção por estreptococos, será necessário iniciar de imediato o tratamento à base de antibióticos - o que só pode ser feito por meio de prescrição médica. A urgência deve-se, sobretudo, às consequências danosas que esse tipo de infecção pode causar no coração, nos rins e até mesmo no sistema nervoso.
A mais grave é a febre reumática, caracterizada por cardite, ou seja, inflamação do coração, o que provoca falta de ar, dispneia, sopro e arritmia. Além disso, pode ocasionar também artrites, que são inflamações nas articulações do corpo e coreia (movimentos involuntários resultantes da inflamação do sistema nervoso por estreptococos), assim como lesões de pele avermelhadas, que costumam ter o centro da lesão em tom mais claro.
Embora o advento dos antibióticos tenha reduzido a incidência de febre reumática em escala mundial, 3% dos casos de faringoamigdalite por infecção de estreptococos evoluem para esse tipo complicação por falta de tratamento adequado.
Nesse contexto, é fundamental reforçar a necessidade de se prevenir contra tais enfermidades, haja visto as consequências tão danosas. Quando há sintomas de faringite e amigdalite, nunca se deve deixar para depois. Tem que investigar, passar pelo médico, examinar.
O diagnóstico não é difícil. Há testes rápidos colhidos a partir da secreção da garganta, ou mesmo a cultura de bactérias. O tratamento é feito com antibióticos. Quanto antes iniciar, melhor!