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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Dia de consciência humana e a luta por sociedade mais justa

| 24/07/2022, 18:43 18:43 h | Atualizado em 24/07/2022, 18:43

“No espaço de apenas 100 anos, mais de 2 milhões de homens e mulheres escravizados chegaram aos portos brasileiros. Todas as atividades do Brasil colonial dependiam do sangue e sofrimento de negros cativos em várias formas de trabalho no cativeiro, a família escrava, as irmandades e práticas religiosas. O importante papel das mulheres, as fugas, revoltas e a formação de quilombos e outras formas de resistência contra o regime escravista”.

É o que afirma o escritor e jornalista Laurentino Gomes, que completa: “Tudo que já fomos no passado, o que somos hoje e o que seremos no futuro tem a ver com nossas raízes africanas e a forma como nos relacionamos com elas”. 

Na próxima segunda-feira (dia 25), comemoraremos os 30 anos da celebração do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. A data foi instituída pela lei nº 12.987/2014, e reconhecida pela ONU desde 1992. 

Tereza de Benguela foi uma líder do quilombo Quariterê e viveu no século XVIII. Depois da morte do companheiro José Piolho, se tornou a rainha do quilombo, governou este quilombo como se fosse um parlamento, e através de sua liderança resistiram à escravidão por duas décadas até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças do governador da capitania do Mato Grosso, Luiz Pinto de Souza Coutinho. Parte da população foi assassinada e outra, aprisionada.

Durante o seu comando, a Rainha Tereza reforçou a defesa do Quilombo do Quariterê com armas adquiridas a partir de trocas ou levadas como espólio após conflitos. Cultivava em suas terras milho, feijão, mandioca, banana e algodão, utilizado na fabricação de tecidos.

Tereza de Benguela é, assim como outras heroínas negras, um dos nomes esquecidos pela historiografia nacional, mas que, nos últimos anos, devido ao engajamento do movimento de mulheres negras e à pesquisa ou ao resgate de documentos até então não devidamente estudados, foi possível recontar esta página da história nacional e multiplicar as narrativas que revelam a formação social e política brasileira.

Infelizmente, racismo e machismo ainda são intrínsecos à realidade da mulher brasileira. Temos uma baixíssima representação política feminina negra no País, com diferenças estruturais importantes, o que fortalece a necessidade de que a luta contra o racismo, o machismo e as violências é imperativa e urgente. Uma luta não apenas para as mulheres negras, mas também para os demais grupos sociais. 

A líder quilombola Tereza de Benguela é um exemplo da mulher negra em nossa história, muitas vezes ignorada ou negada pela historiografia tradicional.

Lembrando de um provérbio africano: “Até que os leões tenham suas histórias, os contos de fada glorificarão sempre o caçador”. A luta coletiva por uma sociedade mais justa tem que continuar. E viva o dia da consciência humana!

MANOEL GOES  é subsecretário de Cultura de Vila Velha, escritor e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Estado (IHGES)

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