Custo de 13 bilhões por acidentes e mortes nas rodovias federais
Artigo publicado no jornal A Tribuna
O custo total estimado dos acidentes ocorridos em rodovias federais em 2022 foi de R$ 12,92 bilhões. O valor é praticamente 100% maior do que todo o investimento público federal executado no ano passado sobre a malha pública federal (R$ 6,51 bilhões) e representa um aumento de quase R$ 800 milhões em relação ao ano de 2021.
Os dados fazem parte do Painel de Consultas Dinâmicas dos Acidentes Rodoviários, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), e levam em conta despesas diretas e indiretas, como gastos associados a atendimentos hospitalares e previdenciários, perda de produção, danos materiais, sinistros de cargas, processos judiciais, deslocamentos e mobilização policial, além de impactos ambientais.
O ranking de custos de 2022 por estado é liderado por Minas Gerais (R$ 1,69 bilhão), que tem a maior malha rodoviária do País. Na sequência, estão Paraná e Santa Catarina, com R$ 1,41 bilhão e R$ 1,32 bilhão, respectivamente. O Espírito Santo apresentou um custo de R$ 451,42 milhões, acima dos R$ 450,35 milhões de 2021.
O total de registros de acidentes nas rodovias federais no Brasil em 2022 foi de 64.447, abaixo dos 64.452 verificados em 2021. No entanto, o número de vítimas (mortos ou feridos) saltou de 52.762 para 52.948 no período.
No Espírito Santo, caiu também em igual intervalo o número de acidentes nas rodovias federais (de 2.524 para 2.278) e de vítimas (de 2.229 para 2.057). Entretanto, na mesma base comparativa, a quantidade de mortos subiu de 148 para 154.
A rodovia federal com o maior número de acidentes com vítimas no Espírito Santo foi a BR-101, com um crescimento de 1.534 acidentes em 2021 para 1.546 em 2022. Em seguida, estão a BR-262, com 447 acidentes em 2021 e uma queda para 315 em 2022; e a BR-482, com 113 acidentes com vítimas em 2021 e alta para 120 acidentes em 2022.
A BR-101 é a rodovia federal em que mais se morre no Espírito Santo. Em 2021, foram 92 vidas perdidas nessa rodovia; em 2022, esse indicador foi mais elevado: 97. Em segundo lugar, está a BR-262, onde o número de mortos também subiu – de 33 em 2021 para 44 em 2022. Já na terceira posição, temos em 2021 a BR-482, com 11 mortes; e em 2022, a BR-259, também com 11 mortes.
Automóveis lideram a lista de veículos implicados em acidentes e mortes, tendo a colisão (60%) como o tipo mais frequente. Metade das ocorrências dá-se em pistas simples. As reações tardias e ineficientes ou a ausência de reação por parte do condutor são apontadas como os fatores predominantes na causa de acidentes com vítimas.
Boa parte da violência nas rodovias brasileiras está relacionada à falta de infraestrutura, tendo em vista que o estado geral da malha está degradado. Os atrasos na duplicação da BR-101, as dificuldades enfrentadas para licitar a duplicação da BR-262 e a precariedade das outras rodovias federais que cortam o Espírito Santo impõem uma grande desvantagem logística ao nosso Estado.
JAIME DE ANGELI é secretário-geral do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado (Setpes)