Covid afeta sono dos brasileiros
Em recente pesquisa publicada em maio na ‘Sleep Science’ promovida pela Associação Brasileira do Sono, avaliaram-se aspectos de qualidade e duração do sono durante a pandemia em 6.360 pessoas em todo o País.
Foram observadas dificuldades para iniciar ou manter o sono bem como o despertar precoce.
Também foi investigado quem tem pesadelos, ronco, apneia do sono, bruxismo, sonambulismo e síndrome das pernas inquietas e também questões relacionadas à saúde mental com ansiedade, depressão e Síndrome de Burnout.
Na pesquisa, verificou-se que 70% tinham alteração no sono, três ou mais vezes por semana e as dificuldades enfrentadas eram para iniciar o sono, pegar no sono e o despertar precoce, antes do horário.
Além disso, 80% dos entrevistados relataram alguma queixa relacionado à saúde mental, e 50% tinham sintomas relacionados à depressão, sendo que em 20% esse sintoma durou mais da metade do dia e 29% referia-se a isto acontecer durante quase todo o dia.
Ansiedade e preocupação excessiva foram encontrados em 58% dos participantes e 26% se sentiam assim mais da metade do dia e 32% que isso ocorria quase todo dia.
O alarmante do estudo é que apenas um terço destes indivíduos, que apresentavam sintomas relacionados à ansiedade e depressão, procurou atendimento médico, portanto, seguem sem tratamento ou intervenção.
Existe um subdiagnóstico, pessoas doentes que não procuraram orientação médica e prolongaram o problema que agora tende a ser visto nos consultórios, como uma das sequelas da covid, que nós denominamos como covid longa ou covid crônico.
É preciso estar atento aos problemas de saúde que os distúrbios de sono podem causar como a vulnerabilidade a infecções virais, ao desequilíbrio inflamatório oxidativo/antioxidante, a doenças metabólicas e cardiovasculares, crônicas como diabetes, obesidade, entre outras.
Com resultados de pesquisas como essa, fica mais visível as necessidades da população que sobreviveu a pandemia e com isso direcionando a saúde para esse importante problema que atingiu a população.
Para ter mais saúde e desempenhar as atividades, é necessário amparo psicológico, psiquiátrico para todos. Os problemas psiquiátricos e do sono afetam diretamente o bem estar e produtividade sendo grandes os prejuízos individuais e coletivos. Foram muitas as perdas, entes queridos, financeiros, além da situação de medo vivenciada durante a pandemia.
Para o retorno as atividades pós-pandemia, seja para o trabalho ou para a escola, estão retornando indivíduos emocionalmente e psicologicamente doentes, afetando diretamente o bem estar individual, e coletivamente uma redução na produtividade, necessidade de afastamento e faltas ao trabalho bem como maior risco de acidentes.
É necessária uma conscientização da população da necessidade de buscar atendimento profissional, bem como de políticas públicas que facilitem a abordagem e tratamento desses indivíduos, a fim de mitigar sofrimento e perdas financeiras decorrentes desse adoecimento da população.
JESSICA POLESE é presidente da Associação Brasileira do Sono Regional Espírito Santo.