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Leitores do Jornal A Tribuna

Conflitos familiares por herança: o caso Cid Moreira

Coluna foi publicada nesta quinta-feira (10)

Francisco Serrano Martins | 10/10/2024, 11:20 11:20 h | Atualizado em 10/10/2024, 11:20

Imagem ilustrativa da imagem Conflitos familiares por herança: o caso Cid Moreira
Morte de Cid Moreira trouxe à tona conflito familiar envolvendo herança |  Foto: Reprodução/Instagram

O falecimento de Cid Moreira trouxe à tona um conflito familiar que exemplifica as complexidades do direito sucessório no Brasil, envolvendo interdição, deserdação, disposição testamentária e direitos de herdeiros legítimos. Em 2021, os filhos de Cid, Rodrigo e Roger, pediram judicialmente a interdição do pai, alegando senilidade e exploração patrimonial por parte de sua esposa, Fátima Sampaio Moreira.

A interdição, prevista no Código Civil, visa proteger pessoas incapazes de gerir seus bens. Os filhos alegaram que Cid estava mentalmente debilitado e que a esposa dilapidava seu patrimônio. No entanto, Cid comprovou sua sanidade mental, resultando no arquivamento da ação, por falta de provas de abuso patrimonial ou maus-tratos.

A interdição é uma ferramenta legal relevante, mas o caso de Cid mostra que pode ser usada em disputas familiares, exigindo cautela dos tribunais para evitar abusos e interesses pessoais.

O conflito se intensificou quando Cid declarou a intenção de deserdar os filhos, alegando injúria grave. O Código Civil prevê a exclusão de herdeiros necessários, como filhos, em casos de crimes graves, agressões e abandono. Para que a deserdação seja válida, deve ser formalizada em testamento, detalhando os motivos legais. Filhos adotivos, como Roger, têm os mesmos direitos que os biológicos, inclusive em casos de deserdação.

No Brasil, o testamento é essencial para a distribuição dos bens, mas o autor da herança não tem liberdade total. A lei assegura que 50% do patrimônio, a “legítima”, seja destinada aos herdeiros necessários, e o restante pode ser livremente distribuído. A decisão de Cid de deserdar os filhos precisa estar documentada, mencionando a injúria. Contudo, essa disposição pode ser contestada judicialmente se não houver provas suficientes.

A deserdação, apesar de prevista em lei, requer uma base jurídica sólida. Em caso de contestação, os herdeiros podem tentar reverter a decisão se demonstrarem que a causa alegada é insustentável. No caso de Cid Moreira, os filhos podem buscar judicialmente a reversão se não forem apresentadas evidências robustas.

O caso de Cid Moreira revela as fragilidades que podem surgir em torno de heranças, especialmente quando há deterioração nas relações familiares. Questões como senilidade, abuso patrimonial e injúria mostram que, apesar do direito sucessório brasileiro buscar uma transição pacífica, ele pode se tornar cenário de intensas disputas judiciais. Tanto a interdição quanto a deserdação são mecanismos importantes para proteger o autor da herança e os herdeiros, mas precisam ser aplicados com prudência para evitar abusos.

Esse caso evidencia a necessidade de um planejamento sucessório cuidadoso, com testamentos claros e detalhados, para evitar conflitos familiares e garantir que os desejos do autor da herança sejam respeitados dentro dos limites legais.

Imagem ilustrativa da imagem Conflitos familiares por herança: o caso Cid Moreira
Francisco Serrano Martins é advogado e consultor especialista em planejamento sucessório |  Foto: Divulgação

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