Como administrar a vida pessoal e profissional nas redes sociais?
Coluna publicada nesta terça-feira em A Tribuna
Falemos a verdade: usar redes sociais é arriscado para nossas carreiras. Um único post infeliz pode arruinar uma carreira. E ainda em uma era em que os trabalhadores mais jovens estão conectados com uma média de 16 colegas de trabalho online, e onde 40% a 60% dos gerentes de contratação usam a mídia social para selecionar potenciais contratações, cada vez menos pessoas ficam totalmente fora das mídias sociais.
Então, como podemos equilibrar o pessoal e o profissional nessas redes? Uma pesquisa realizada com capixabas mostrou resultados bem interessantes.
Os dados mostraram que a maioria usa perfis abertos, não adota filtros para o conteúdo e nem selecionam quem verá suas postagens. Por outro lado, outras adotam perfis fechados e não aceitam colegas de trabalho em suas redes.
Esses dois perfis de usuários são os que mais acabam sendo mal vistos no trabalho: o primeiro por entrar em polêmicas e exposições desnecessárias e o segundo por ser visto como antissocial.
Há ainda pessoas que aceitam seus colegas de trabalho em suas redes e filtra tanto o conteúdo que será postado, quanto as pessoas que terão acesso a cada postagem. Na pesquisa, esses foram vistos como mais simpáticos e admiráveis do que os indivíduos dos outros dois grupos. Assim, os que postam de forma pública conteúdos polêmicos e de natureza pessoal, sem adotar qualquer filtro ou segmentação são os que mais colhem prejuízos para a sua carreira.
Embora haja celebridades do mundo corporativo que façam isso de maneira bem-sucedida e acabem inspirando outros a fazer o mesmo, esse não é o padrão quando nos referimos aos trabalhadores em geral. A exposição cobra seu preço!
No entanto, cabe uma ressalva: a estratégia de aceitar os colegas de trabalho nas redes sociais e filtrar o conteúdo e o público que terá acesso demanda maior domínio das ferramentas, como o uso listas de amigos e restrições de exibição de conteúdo.
A ideia aqui não é dizer o que devemos ou não fazer ao usar redes sociais. A ideia é que façamos escolhas estratégicas por nós mesmos – com seus olhos abertos para os riscos; com o entendimento de que nenhuma estratégia pessoal de mídia social é perfeita; e com a consciência de que o contexto importa.
Algumas indústrias são mais formais que outras; algumas culturas organizacionais ou de países podem ser mais ou menos tolerantes a “mostrar tudo abertamente”. Gerentes que pensam em suas próprias estratégias de mídia social e as usam conscientemente não estão incomodando pessoas, eles estão oferecendo conteúdos relevantes ou, ao menos, que entretém e ajudam a construir uma imagem simpática. Eles evitam os tradicionais problemas das mídias sociais e acessam vantagens que elas oferecem.
BRUNO FELIX é professor da Fucape, doutor em Administração de Empresas e especialista em Carreiras, Identidades e Diversidade nas Organizações.