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Leitores do Jornal A Tribuna

Como a saúde mental afeta quem tem doenças autoimunes?

Confira a coluna desta sexta-feira (17)

Lidia Balarini | 17/01/2025, 13:33 h | Atualizado em 17/01/2025, 13:33

Imagem ilustrativa da imagem Como a saúde mental afeta quem tem doenças autoimunes?
Lidia Balarini é reumatologista e responsável técnica pela Reuma

A saúde mental exerce impacto direto na evolução e no controle das doenças autoimunes, aquelas em que o sistema imunológico ataca por engano os próprios tecidos do corpo, como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, esclerose múltipla, psoríase e artrite psoriásica, doença de Hashimoto e diabetes tipo 1. O estresse emocional, por exemplo, pode agravar inflamações e intensificar os sintomas físicos, criando um ciclo vicioso entre mente e corpo.

Além disso, pacientes que lidam com ansiedade ou depressão têm maior dificuldade em aderir aos tratamentos médicos, o que compromete ainda mais sua qualidade de vida. E os sentimentos de isolamento e incompreensão frequentemente relatados aumentam o risco de complicações, evidenciando a necessidade de suporte psicológico contínuo como parte do plano terapêutico.

Assim, neste Janeiro Branco, mês dedicado à conscientização sobre saúde mental, é essencial abordar a ligação entre saúde emocional e doenças autoimunes. Segundo estudo recente publicado na revista Rheumatology, mais da metade dos pacientes com essas condições enfrenta distúrbios psicológicos, como ansiedade e depressão.

Pesquisadores das universidades de Cambridge e do King’s College London identificaram que 57% dos pacientes sofrem de ansiedade e 55% de depressão, frequentemente agravadas pela fadiga extrema (89%) e disfunções cognitivas (70%). Contudo, o bem-estar emocional ainda vem sendo negligenciado em consultas, refletindo um modelo que prioriza sintomas físicos e subestima a dimensão psicológica das enfermidades.

Essa abordagem tradicional, centrada na doença, tende a ignorar o impacto da baixa autoestima e do estigma enfrentado por muitos pacientes. Medo de julgamentos e a percepção de serem vistos como exagerados ou mentirosos dificultam que compartilhem seus problemas emocionais. Esse cenário reforça a necessidade de uma mudança de paradigma. É possível focar no indivíduo e não apenas na doença, promovendo um ambiente de empatia e respeito, considerando fatores culturais, sociais e ambientais, priorizando o bem-estar integral e a capacidade de levar uma vida plena.

Felizmente, algumas iniciativas vêm ganhando espaço para transformar esse cenário. A inclusão da escuta ativa nos atendimentos e a ampliação de equipes multiprofissionais são exemplos importantes. A escuta ativa, que prioriza a empatia e a validação das emoções do paciente, permite que ele se sinta ouvido e respeitado. Paralelamente, o acompanhamento integrado de psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, em conjunto com os médicos, promove um cuidado mais completo.

Abordagens centradas no indivíduo, como grupos de apoio e terapias ocupacionais, também têm mostrado resultados positivos, ajudando pacientes a desenvolverem estratégias para lidar com desafios físicos e emocionais de suas condições. Assim, integrar o cuidado da mente ao tratamento de doenças autoimunes pode representar um avanço significativo na qualidade de vida desses pacientes.

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