A palavra é compartilhamento
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (30)
Você já ouviu falar em multipropriedade ou smart living como um segmento que ganha cada vez mais força no mercado imobiliário brasileiro? Se não, é apenas uma questão de tempo. Pesquisa que acaba de ser divulgada pela consultoria Caio Calfat Real Estate Consulting demonstra o crescimento e o amadurecimento da tendência no País, que tem hoje 180 empreendimentos de multipropriedade nas cinco regiões, representando, juntos, um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 59 bilhões, índice 43,3% superior ao ano passado.
No caso dos produtos de multipropriedade, trata-se de um formato que permite a aquisição fracionada de um imóvel para utilizá-lo para fins de lazer, turismo ou investimento em períodos específicos do ano. A ideia é que uma unidade possa ter mais de um dono, permitindo um investimento menor e o rateio de custos relacionados à manutenção, administração e serviços, sem que os proprietários tenham que abrir mão do conforto, da comodidade e da segurança oferecidas por um hotel ou residencial com serviços.
Já os produtos smart living – como o Fasano Fifith Avenue, em Nova Iorque – embora sejam fracionados entre poucos proprietários, são normalmente imóveis de alto padrão, direcionados para as classes média-alta e alta. Neste caso, o compartilhamento é uma opção que traz facilidades. Como esse público não visa prioritariamente a redução de custos na aquisição do imóvel, o grande diferencial está em poder usufruir de um imóvel de alto padrão sem preocupações.
Além dos produtos serem entregues com decoração, mobiliários de design, enxoval; os empreendimentos trazem serviços atrelados a empresas que oferecem alto padrão de hotelaria, mesmo nos imóveis residenciais.
Em tempos de escassez de recursos físicos, naturais, de produção, de tempo e de espaço, na vida pessoal e nos negócios, não se mostra fundamental inovar, ir além do que já foi feito e construir novas possibilidades? Buscar caminhos de compartilhamento e facilidades não seria uma alternativa aos excessos? Estabelecer conexões verdadeiras, justas e equilibradas não traria mais benefícios mútuos para pessoas e marcas? Acumular experiências não faria mais sentido do que acumular bens? Oferecer produtos com “alma” e conceito não tem mais valor do que oferecer soluções pré-fabricadas? Não é urgente entender que moramos todos numa mesma casa – o Planeta Terra – e que cuidar desse espaço é condição de sobrevivência?
São questões que exigem de nós respostas práticas, construídas a partir da criatividade, da inovação, da sensibilidade e da inteligência. E há toda uma mobilização em torno desse objetivo nos mais diversos setores e no âmbito pessoal.
Pesquisa realizada pela Nielsen Company em 60 países, por exemplo, revela que duas em cada três pessoas estão dispostas a compartilhar ou alugar algo seu. Ou seja, há espaço para o compartilhamento e para negócios que funcionem dentro dessa premissa. Um novo mundo que se constrói e fazer parte dele é uma oportunidade e uma escolha.