Adeus às casas de Iriri
O som das estacas sendo fincadas na Praia dos Namorados, a poucos metros do mar, não deixa dúvidas: quem viveu a belíssima fase de Iriri, balneário de Anchieta, quando as casas se fundiam à paisagem, pode ir se despedindo. Aos poucos, novos prédios vão pondo fim àquele tempo. Sabe aquela casa, que você achava charmosa, quase histórica? Procure direito. Pode ser que ela já nem exista mais.
Lembro de um escrito (com o perdão ao autor, que não recordo o nome) que dizia mais ou menos o seguinte: “Os frequentadores de Iriri eram como um grande família. As casas eram como os quartos e a praia era um grande quintal onde todos se encontravam”. Perfeita descrição de um tempo.
Agora existe uma transição e surgem perguntas, em meio a essa batalha praticamente perdida:
- Quem se preocupa com a sombra dos prédios, que vai fazer o dia de sol acabar mais cedo? Estudaram a angulação de modo a causar o menor dano possível?
- A taxa de ocupação populacional vai se multiplicar pelo número de novos apartamentos. O balneário dá conta? Estamos falando de água, esgoto, lixo e trânsito.
O certo é que uma era está indo embora. Casas de mineiros e descendentes de italianos, que saíam de cidades como Belo Horizonte, Castelo, Cachoeiro e Iconha para veranear ali, vão tendo rapidamente suas marcas arquitetônicas históricas apagadas na velocidade da turma da demolição.
Olhe rápido para Iriri. O que você tem na memória, amanhã pode não existir mais.