Gilvan da Federal pode ter mandato suspenso
Pedido é da Mesa Diretora da Câmara Federal, que alega que bolsonarista cometeu quebra de decoro
Integrantes da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados protocolaram na última quarta-feira (30) uma representação contra o deputado federal Gilvan (PL), um dos dez parlamentares que representa o Espírito Santo na Casa.
Justificaram que Gilvan cometeu quebra de decoro parlamentar. As informações do Portal Metrópoles dão conta que foi solicitada suspensão cautelar do mandato do bolsonarista por seis meses. O que gerou o pedido da Mesa Diretora foi o bate-boca de Gilvan durante reunião da Comissão de Segurança Pública da Câmara, que na ocasião estava recebendo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
Foi durante a reunião que Gilvan se envolveu em uma discussão com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), e usou algumas palavras de baixo calão para se referir à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT).
O documento enviado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, a Mesa argumenta que Gilvan da Federal “incorreu em condutas incompatíveis com o decoro parlamentar (…), ao proferir manifestações gravemente ofensivas e difamatórias” contra Gleisi, “em evidente abuso das prerrogativas parlamentares, o que configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato”.
Para os colegas deputados de Gilvan, o bolsonarista feriu a imagem da ministra das Relações Institucionais, além de ter feito “insinuações ultrajantes, desonrosas e depreciativas”.
“Para além da honra e da imagem da ministra Gleisi Hoffmann, a honra objetiva do Parlamento foi inegavelmente maculada pela conduta do representado”, destaca trecho do texto.
O deputado pode apresentar recurso ao Plenário, no prazo de cinco sessões, a respeito da decisão do Conselho de Ética, que tem 15 dias para bater o martelo sobre o caso. É necessário voto da maioria absoluta dos parlamentares (257) para que se mantenha a suspensão do mandato.
De acordo com o advogado eleitoral Marcelo Nunes, há regra de convocação de um deputado suplente a partir de 120 dias. Caso a suspensão de Gilvan seja confirmada e ele fique afastado por 180 dias, o suplente do PL terá de ser convocado.
Cabe ressaltar que o 1º suplente do PL na Câmara dos Deputados era Júnior Corrêa (Novo), vice-prefeito de Cachoeiro. O 2º na lista é o vereador de Vila Velha, Devacir Rabello (PL).
Gilvan da Federal foi procurado para se manifestar. Caso responda, a coluna será atualizada.
Histórico
Gilvan já se envolveu em algumas polêmicas na Câmara desde que assumiu seu mandato. Antes de ter proferido as palavras sobre Gleisi, a mais recente foi quando desejou a morte do presidente Lula (PT).
A declaração foi feita ao comentar a ausência de provas acerca dos planos de assassinatos de Lula, do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em 2022. O plano foi descrito em denúncia oferecida pela PGR contra acusados de tentativa de golpe de Estado, em fevereiro deste ano.
"Por mim, eu quero mais é que o Lula morra! Eu quero que ele vá para o quinto dos infernos! É um direito meu. Não vou dizer que vou matar o cara, mas quero que ele morra! Quero que vá para o quinto dos infernos, porque nem o diabo quer o Lula. É por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer... tomara que tenha um ataque cardíaco. Porque nem o diabo quer essa desgraça desse presidente que está afundando nosso país. E eu quero mais é que ele morra mesmo. Que andem desarmados. Não quer desarmar cidadão de bem? Que ele ande com seus seguranças desarmados", disse o deputado durante sessão.
Depois, o parlamentar acabou se desculpando pela situação, reconhecendo que havia passado dos limites.
“Eu aprendi com o meu pai que um homem deve reconhecer os seus erros. Um cristão não deve desejar a morte de ninguém, então, eu não desejo a morte de qualquer pessoa, mas continuo entendendo que Luiz Inácio Lula da Silva deveria estar preso e pagar por tudo que ele fez de mal para o nosso País, mas reconhecei que exagerei na minha fala. Peço desculpas”, afirmou Gilvan.