Chegada de Vidigal ao governo pode gerar reclamações de aliados
Espaço na administração continua sendo requisitado por siglas próximas ao governo
A chegada do ex-prefeito da Serra Sergio Vidigal (PDT) ao secretariado de Renato Casagrande (PSB) mexeu com o tabuleiro político capixaba. Foi sinal claro para aliados do governador que Ricardo é mesmo a prioridade do grupo para ser escolhido candidato ao governo no ano que vem. Vidigal, por tabela, seria atualmente o plano B.
Entretanto, um aspecto tem pairado entre os partidos aliados: prestes a ser nomeado secretário de Desenvolvimento, Vidigal será o terceiro pedetista na gestão. Além dele, o governo abriga Philipe Lemos (PDT), à frente da secretaria de Turismo; e Junior Abreu (PDT), que responde pela Casa Civil.
Nos bastidores, isso acaba gerando um conflito entre outros partidos que desejam espaço no governo, como o Podemos, liderado no Estado pelo deputado federal Gilson Daniel. Já há algum tempo a legenda tem buscado ser contemplada, mas ainda não houve avanço nesse sentido.
Ainda há indefinição também quanto a quem poderia ser indicado pelo partido. O próprio Gilson estaria fora de questão, já que sua saída da Câmara dos Deputados poderia abrir margem para Alexandre Ramalho (PL) assumir a cadeira, visto que ele continua sendo suplente do Podemos. É algo, naturalmente, que o governo não deseja.
Integrantes da sigla, porém, já admitiram à coluna que pelo tamanho que o Podemos saiu das eleições municipais, tendo feito 11 prefeitos, 12 vices, e 125 vereadores, não há a intenção de se contentar com pastas que não sejam mais robustas, e que por conta disso, Turismo e Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades) — liderada por Cyntia Grillo (PSB) —, estariam fora de questão, pelo menos em princípio.
Outra questão repetida pelas lideranças do Podemos é justamente o espaço que o governo deu ao PP recentemente, tendo substituído Marcus Vicente (PP), aliado de 1ª hora do governador da Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb). Em seu lugar, foi nomeado Marcos Aurélio Soares (PP), que é cota direta do presidente estadual do partido, Josias Da Vitória.
Dentro da legenda, a pretensão era conseguir uma pasta como a Secretaria de Agricultura (Seag), que é representativa, principalmente nos municípios do interior do Estado. Entretanto, ela é atualmente liderada por Enio Bergoli, e nos bastidores, o governador não pretende mexer na pasta no momento. É claro que, mesmo se não houver vontade, talvez seja preciso, principalmente para manter o partido de Gilson Daniel na base.
O Palácio entende, segundo interlocutores, que a trinca PP-Podemos-União Brasil é que pode garantir o sucesso da candidatura de quem quer que seja o nome escolhido para concorrer ao governo em 2026. Nesse caso em específico ainda falta o Podemos. O União hoje já está na base, e é liderado pelo secretário de Meio Ambiente, Felipe Rigoni.
De uma forma ou de outra, os movimentos que estão sendo realizados pelo governo já no começo do ano têm chamado atenção. Conforme Plenário publicou no impresso de A Tribuna nesta terça-feira (21), já é a terceira mudança significativa neste ano: Saída de Miguel Duarte e entrada de Tyago Hoffmann (PSB) na Sesa; saída de Marcus Vicente e entrada de Marcos Aurélio na Sedurb; e a saída de Ricardo Ferraço (MDB) da Sedes e entrada de Sergio Vidigal.
Historicamente, Casagrande costuma esperar mais tempo para fazer as mudanças, principalmente se forem alterações mais robustas, como as que estão acontecendo. Este ano, porém, o grupo do governo decidiu se antecipar e logo colocar as cartas na mesa.
A expectativa é de que mais alterações aconteçam, mas possivelmente após a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, marcada para o começo de fevereiro.