Seu filho está comprando as amizades dele?
Cláudio Miranda, terapeuta de Família e Psicopedagogo Clínico
Às vezes eu escuto pais dizendo que o filho é muito bom para os amigos e que faz tudo pelos outros, sempre procurando agradar. Ser uma pessoa boa é algo saudável e positivo para qualquer relacionamento. Contudo, isso precisa ser feito dentro de um limite.
Uma relação saudável é feita de trocas. Observe se o comportamento “bonzinho” do seu filho não está excessivo. Como ele se relaciona com os amigos dele? Ele é bem aceito no grupo ou ele “compra” seus amigos?
Se o seu filho cede demasiadamente coisas dele para agradar o outro, ele pode estar sofrendo com baixa autoestima e com uma imagem deformada a respeito de si mesmo.
Crianças que não possuem boas estratégias de aproximação social poderão apresentar problemas de relacionamento interpessoal e grupal.
A dificuldade nessas habilidades criará uma limitação na comunicação com seus colegas. Essa reflexão precisa ser feita em qualquer idade, para crianças, adolescentes e adultos.
Há muitos adultos com esse tipo de comportamento. Presenteiam demais, agradam demais, se doam demais na expectativa de receber alguma atenção e afeto do outro.
Há crianças e jovens que compram regularmente merenda para um colega na hora do recreio, outros fazem o trabalho da escola sozinho e colocam o nome de quem não fez nada. Nessas situações, há o risco de surgirem os abusadores e exploradores, estabelecendo então uma relação de amizade não saudável.
A sensação da criança nesse lugar é muito desconfortável porque ela percebe que o que ela dá não é o suficiente para que os colegas a queira por perto. Com o tempo, ela pode desenvolver a sensação de rejeição, de não ser amada e querida. Esse estado de abandono pode ser terrível para a autoestima e autoconfiança do seu filho.
A timidez e a insegurança podem ser os principais desencadeadores desse comportamento de subserviência e de agradar desnecessariamente alguém do seu circulo social. Os pais e cuidadores devem ficar atentos e buscar ajuda com um especialista para treinar a criança na superação dessa dificuldade.
Na vida adulta esse problema pode se agravar, se manifestando como outros tipos de transtornos psicoafetivos. Poderão se tornar pessoas frágeis e inseguras, com medo de estabelecerem relações sociais. Muitas se tornam solitárias e aprisionadas na sua dor e no seu desamparo.
A terapia nesses casos é uma das medidas mais importantes para o fortalecimento interior e a aprendizagem de estratégias de aproximação social.
Essa pessoa precisa de um apoio sobre os caminhos que ela pode tomar para se aproximar e dialogar com os outros.
Para estabelecer uma relação é necessário conhecer o que é importante para você, identificando os limites do que te faz bem ou não. O terapeuta ajudará a descobrir o que desencadeou essas atitudes de passividade.
O processo terapêutico ajudará na ressignificação da dor e estabelecerá novas formas de posicionamento e de modelos comportamentais nas relações grupais dali pra frente.
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