Relacionamento abusivo
Conviver com um abusador pode se tornar um martírio
Cláudio Miranda, terapeuta de Família e Psicopedagogo Clínico
Um dia, na praia, próximo a mim, havia um jovem casal de namorados. Chamou-me a atenção o modo como ele se referia a ela com falas do tipo: “Você é muito lerda”, “Você me faz passar vergonha”, “Cala sua boca”.
Fiquei admirado com a passividade com que a moça ouvia o namorado, quase sem reação. Nesse tipo de relacionamento, há duas perguntas a serem feitas: o que faz alguém falar de forma tão rude com quem se gosta? E o que faz alguém aceitar que falem consigo de modo tão depreciativo?
Muito do comportamento abusivo é aprendido ao longo da vida na relação familiar e socialmente. A falta de freios e limites na educação pode chegar a esse padrão comportamental. Então, falar desrespeitosamente com o outro se torna comum e aceitável na comunicação familiar.
O abusador pode se sentir superior por questões como raça, classe e gênero. Muitas vezes são pessoas inseguras e indecisas que se mostram incapazes de se comunicar positivamente. Suas falas e atitudes são sempre desestabilizadoras e desarmonizadoras. Ver o outro sofrer lhe dá sensação de poder e de bem-estar equivocado. Conviver com um abusador pode se tornar um martírio e causar sérios problemas emocionais nas suas vítimas.
Os abusados normalmente são passivos porque também aprenderam socialmente que é esse o lugar que lhes cabe, e se “acomodam” numa relação sem conforto e respeito algum. Muitos aceitam ser subjugados por dependerem emocionalmente ou financeiramente do outro. A baixa autoestima e o medo os impedem de sair da relação por terem medo de ficar sozinhos e não acreditam que possam encontrar alguém que possa amar de uma forma mais harmoniosa e saudável.
O que faz alguém aceitar uma relação abusiva? Seria carência afetiva? Insegurança? Baixa autoestima? Dependência emocional? Você já viveu uma relação assim? Ela existe ainda? Como você lida com isso? O abuso não acontece somente numa relação afetiva. Acontece também entre pais e filhos, entre irmãos e amigos.
Se você conheceu alguém que se comunica desrespeitosamente com você e você gosta dessa pessoa, faça a ela frequentemente essas perguntas para reflexão: “Por que você está falando assim comigo?”, “Eu não gosto que você me trate assim”, “Por que se refere apenas aos meus erros?” e “Que qualidades você vê em mim?”.
Se depois de um tempo a pessoa seguir o mesmo padrão, saia desse relacionamento. Por mais que você goste, ele não vai mudar. Com o passar do tempo a situação só vai piorar. Em alguns casos, acontecerão agressões físicas. Existe um ciclo muito perigoso e característico no relacionamento abusivo, não se permita estar dentro dele e se proteja. Você se torna um nada na visão do outro e, às vezes, na sua própria visão.
A relação abusiva abala significativamente o emocional de uma pessoa. Fica muito evidente a sensação de desamparo e de solidão. Nesses casos, é importante buscar uma ajuda especializada.
Fazer terapia surtirá um efeito fortalecedor da pessoa. O processo terapêutico será libertador ao se deparar com seu poder e capacidade de gerenciar a sua vida.
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Papo de Família,por Cláudio Miranda, terapeuta de Família e Psicopedagogo Clínico