Pais que protegem os erros do filho
Confira a coluna Papo de Família deste sábado (20)
Cláudio Miranda, terapeuta de Família e Psicopedagogo Clínico
É verdade que pais e mães desejam que os filhos tenham sucesso em suas vidas e fazem o que for possível por eles. Contudo, algumas vezes alguns pais exageram nessa proteção e acabam por protegê-los mesmo quando eles fazem algum mal feito, um ataque a uma pessoa ou lesado alguém. Você já vivenciou algo assim?
É muito importante construir uma ideia do grupo e da coletividade nos vários ambientes sociais em que vivemos.
A relação de troca e de interdependência acontece para todos, o tempo todo. A harmonia e o equilíbrio nas conquistas é um desejo de todas as pessoas.
Há famílias que se preocupam em tornar o filho um bom profissional, mas não formam um homem de bem e de caráter reto.
Há crianças que fazem bullying e ataques constantes a outros colegas porque sabem que os pais dirão que não foi nada, que é coisa de criança.
Há filhos que roubarão algo de outras pessoas porque sabem que os pais dirão que não foi por mal e não teve intenção de lesar o outro.
Existem alunos que estão sempre reclamando dos professores e da escola porque sabem que os pais os protegerão a todo custo, não importa o que houver.
O que chama a atenção nesses casos é a repetição dos erros do filho e a conivência do pai e da mãe. Casos assim geram no filho um tipo de onipotência e uma sensação de que será sempre protegido. Esse comportamento acontece pela manifestação do ego familiar que se mostra na forma de um sobrenome, ou de um status socioeconômico ou de títulos. Tudo bobagem. Nada disso torna alguém superior ou melhor que os outros.
Crianças com esse tipo de criação terão grande chance de serem adultos complicados e frágeis no futuro. Seus relacionamentos na família, no trabalho, tenderão ser problemáticos e desestruturados, porque na vida social os outros não aceitarão de forma passiva esse tipo de comportamento.
Há pessoas que na vida adulta seguem lesando os outros sem se sentirem obrigados a fazer a reparação do mal que causou.
Muito desse comportamento pode estar relacionado a um modelo de educação pautado no se dar bem sempre sem se importar se está prejudicando alguém.
Curiosamente, muita gente com esse tipo de comportamento são frequentadores de uma religião e têm uma boa formação escolar e cultural. Isso acontece porque a índole e respeito humano não é um conteúdo que se aprende na escola. Moralidade e ética são algo que se aprende principalmente na relação familiar.
Ao cometer um erro, o filho deve ser punido, deve ser corrigido e pedido que se retrate com quem causou algum tipo de dano. Isso é uma regra simples de convívio grupal. Corrigir e punir o filho por algum erro cometido poderá doer seu coração, mas você precisará fazer isso.
Na natureza, uma árvore terá novos ramos e folhas após terem sofrido uma poda de um galho seco ou velho. O mesmo acontecerá no processo educativo do seu filho.
É importante que seu filho cresça e incorpore o espírito de coletividade fazendo e proporcionado aos outros aquilo que quer que aconteça com ele também. Sem esse pensamento ele poderá se tornar uma pessoa incapaz de conviver harmonicamente na sociedade.
SUGERIMOS PARA VOCÊ: