Jovens isolados e com dificuldade de comunicação
Coluna foi publicada no sábado (16)
Ouve-se frequentemente a queixa dos pais de que seus filhos adolescentes têm se isolado mais e apresentado um nível de comunicação familiar abaixo do esperado. Alguns jovens podem falar menos, mas o isolamento tende a agravar essa situação.
Você tem esse problema em sua casa? Na adolescência, é compreensível que ocorra uma mudança no padrão comportamental do jovem, podendo se tornar mais calado e recluso em algumas situações.
Contudo, a pandemia que vivemos há pouco tempo agravou determinadas atitudes que já existiam.
A introspecção em si não é um problema quando ela é apenas um traço comportamental do seu filho. O que se deve ficar atento é com a quantidade de tempo que ele fica sem interagir com as pessoas da casa e com os amigos.
Nesse ponto, deve-se começar a se preocupar e tomar medidas favorecedoras de uma interação mais positiva e frequente.
Pode-se dizer que o isolamento e a reclusão aumentaram nos últimos anos, agravando a dificuldade de comunicação que já existia na relação familiar e social.
Muitos preferem ficar em casa a ter de sair e se relacionar com amigos, e até mesmo com os familiares.
As situações de convívio familiar vão sendo substituídas pelas telas e pela internet com seus apelos, quase irresistíveis, de jogos, filmes e outras atividades que capturam sua atenção.
Isso vai gerando, ao longo do tempo, um agravamento desse problema e causando um maior distanciamento do jovem com suas figuras de referência.
Por detrás do isolamento e distanciamento do filho, pode coexistir uma inabilidade de diálogo dos pais. Estamos falando de duas dificuldades de comunicação: a dos pais e a dos filhos.
Uma educação mais focada no convívio e no relacionamento real poderá favorecer uma mudança importante no modelo de comunicação familiar, mas não se pode apenas dizer a um filho: “Saia do celular!”.
Para diminuir o tempo de telas, os pais precisarão oferecer outra coisa que eles poderão não saber o que é. Eles precisarão primeiro entender a gravidade do problema do filho e desejar essa mudança.
Necessitarão de um suporte especializado para aprender novas formas de aproximação e novos modelos de comunicação e relacionamento.
Isso só acontecerá quando os pais tiverem a atenção mais voltada para os filhos.
A primeira mudança deverá ser nas formas de sociabilidade dos pais. Eles deverão estar mais atentos ao modo como se comunicam.
Eles precisarão ainda encontrar estratégias capazes de abrir a porta do quarto dos filhos. Isso quer dizer: encontrar formas positivas e saudáveis de comunicação e relacionamento com os filhos.
Eles também deverão se envolver no processo de mudança dos filhos, dizendo a eles da preocupação que estão tendo com a baixa qualidade do convívio familiar.
Os pais devem mostrar aos filhos o quanto eles estão distantes afetivamente. Se não houver uma sensibilização para o problema, a mudança não irá acontecer.
A terapia de família é um bom caminho para se buscar novas formas de comunicação e de relacionamento, tirando-os desse problema que abala tanto pais quanto os filhos.