Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Opinião Internacional

Opinião Internacional

Colunista

José Vicente de Sá Pimentel

Prioridades à frente do Brics

Confira a coluna de domingo (05)

José Vicente de Sá Pimentel | 06/01/2025, 15:21 h | Atualizado em 06/01/2025, 15:21

Imagem ilustrativa da imagem Prioridades à frente do Brics
José Vicente de Sá Pimentel, nascido em Vitória, é embaixador aposentado |  Foto: A Tribuna

Ao assumir novas responsabilidades, é importante definir as prioridades e planejar os meios de alcançar os resultados esperados. É o que a diplomacia brasileira fez, ao assumir a presidência do Brics.

Conforme foi divulgado pelo Itamaraty, as nossas cinco prioridades serão: facilitar o comércio e os investimentos entre os países do bloco; promover a governança da Inteligência Artificial para o desenvolvimento; melhorar as estruturas de financiamento para combater as mudanças climáticas; estimular projetos de cooperação entre países do Sul Global, com foco em saúde pública; e fortalecer a instituição do Brics.

Trata-se de uma agenda substantiva, em linha com as aspirações dos países que integram o grupo e com os nossos próprios interesses. É verdade que, no que tange aos mecanismos para transformar os objetivos em realidade, as incertezas são muitas.

Como já dizia Niels Bohr (ou Samuel Goldwyn, ou Yogi Berra, frases boas costumam ser atribuídas a vários autores), “é difícil fazer previsões, especialmente sobre o futuro”. Mais ainda quando o cenário internacional se apresenta tão imperscrutável quanto o de 2025.

Comecemos pelas boas notícias. Os “players” que modelam o mercado internacional estão visivelmente otimistas com o segundo mandato de Donald Trump. Isso é, de certa maneira, curioso, visto que os números do primeiro mandato trumpista não foram tão positivos, pois a pandemia de covid fez a economia contrair-se em 30%. Dessa vez, existem, porém, motivos reais, e não apenas ideológicos, para otimismo.

O legado econômico de Biden, fora a inflação, é muito positivo, com altas taxas de crescimento, desemprego baixo e queda nos juros. Para melhorar o quadro, Trump acena com quedas no preço da energia, menor regulamentação da atividade produtiva e desmonte das leis antitruste, o que agrada a Wall Street.

Por sua vez, a presença de Elon Musk no governo leva à expectativa de que a vantagem tecnológica americana se expanda, sobretudo no tocante à Inteligência Artificial. Preservar o avanço tecnológico, garantindo que as inovações sejam usadas com responsabilidade e amplo acesso devem ser as preocupações dos Brics.

Os possíveis problemas decorrem dos desequilíbrios orçamentários americanos, que caíram praticamente à metade desde o fim do primeiro mandato de Trump, continuam na casa dos US$ 1,8 trilhão. O medo maior provém, no entanto, das tarifas sobre o comércio exterior, prometidas com largueza por Trump. A China é o principal alvo dessas barreiras comerciais, mas vários outros países, entre os quais Canadá, México e mesmo o Brasil figuram no radar trumpista.

Não se imagina que os atingidos aceitem as tarifas sem retaliações, o que pode causar desequilíbrios indesejáveis na economia mundial. Tal possibilidade justifica que o comércio esteja em primeiro lugar nas prioridades brasileiras para a presidência do Brics.

As guerras na Ucrânia e no Oriente Médio serão tópicos inevitáveis nas reuniões do grupo. Embora não constem das prioridades da presidência brasileira, esses conflitos entrarão na pauta, impelidos pelas manchetes da imprensa mundial e pelas preocupações de membros antigos, como a Rússia, e novos, como o Irã, a Arábia Saudita e os Emirados. Estes dois últimos estão cada vez mais envolvidos nos problemas do Sudão, sinal de que os assuntos da África entrarão na berlinda.

Mais um motivo para o Itamaraty trabalhar em permanente contato com a chancelaria da África do Sul que, além da parceria no grupo, detém no corrente ano a presidência do G20. Reorientar os debates dos conflitos africanos para uma agenda positiva de cooperação, inclusive na área da saúde, será um desafio estimulante para nossos diplomatas.

Meus votos de Ano Novo são de que, com energia e criatividade, o Brasil utilize o Brics como plataforma para impulsionar temas ambientais, com estratégica ênfase no financiamento das medidas necessárias para combater o aquecimento e o caos climático. Tendo em vista o lamentável negacionismo que Trump exibe nesse particular, nosso protagonismo em matéria ambiental precisa elevar-se às raias de resistência heroica.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

SUGERIMOS PARA VOCÊ: