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Opinião Internacional

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Colunista

José Vicente de Sá Pimentel

Avalanches em 2025

Confira a coluna de domingo (29)

José Vicente de Sá Pimentel | 30/12/2024, 14:25 h | Atualizado em 30/12/2024, 14:25

Imagem ilustrativa da imagem Avalanches em 2025
José Vicente de Sá Pimentel, nascido em Vitória, é embaixador aposentado |  Foto: A Tribuna

Sabe aquela hora em que a luz do poste entra em curto, a tela escurece e a trilha sonora adota um tom sinistro, justo quando a mocinha chega na porta e a câmera enquadra a sua mão nervosa procurando a chave? Pois é, o mundo todo parece estar de olho na fechadura, aflito para assistir ao filme do segundo mandato de Trump.

Estou apostando que a cerimônia de posse, em 20 de janeiro, será um espetáculo hollywoodiano. Trump tem um fetiche com o tamanho das plateias, e não gostou ao constatar que o número de pessoas na sua posse em 2020 foi inferior ao da investidura de Barack Obama em 2009.

Desta vez, ele convidou chefes de Estado de todo o mundo para aplaudi-lo e imagina-se que outras inovações incrementem a festa da posse.

Bibi Netanyahu estará lá, Xi Jinping ainda não confirmou presença, é quase certo que Javier Milei aparecerá na fila do gargarejo. A Argentina, que já teve, no tempo de Carlos Menem, aquilo que o chanceler Guido de Tell qualificou de “relaciones carnales” com os Estados Unidos, parece preparar-se para a consumação do ato. Resta ver de que maneira isso repercutirá no Brasil.

A agenda do próximo ano é promissora para a diplomacia brasileira. Trabalhosa, mas potencialmente recompensadora. Ocuparemos a presidência do Brics, o que significa cuidar da agenda de muitos encontros com China e Rússia, que serão alvos primordiais da diplomacia americana. Putin será um dos primeiros a testar o poder de persuasão de Trump, que prometeu pôr um fim na guerra da Ucrânia em tempo recorde. Com a China, presume-se que as tratativas sejam ainda mais complexas.

Segundo análise de Thomas Friedman para The New York Times, “a China que Trump vai encontrar tem um regime exportador muito mais robusto, com uma musculatura produtiva que explodiu em tamanho, sofisticação e quantidade nos últimos oito anos”.

A “Belt and road initiative” chinesa, também conhecida como a nova Rota da Seda, ampliou o número de parceiros que passaram a receber crescentes investimentos chineses. A ameaça trumpista de aumentar em 100% as taxas de importação dos produtos chineses pode machucar a China, sem dúvida, mas vai gerar um baque também na economia americana e no comércio mundial.

O Brics com certeza se pronunciará sobre isso, e o porta-voz, no caso, deverá ser o Brasil.

Também teremos de fazer a nossa voz ouvida sobre os assuntos do Oriente Médio, até porque o Irã será nosso parceiro no Brics, assim como a Arábia Saudita, ademais da Rússia e da própria China. Em paralelo, precisaremos nos preparar também para a COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), a ser realizada em novembro, em Belém do Pará.

A herança deixada pela COP 29, em Baku, foi bem ruim. No que parece uma piada de mau gosto, o presidente do Azerbaijão, país produtor de petróleo, encerrou a conferência com um discurso em que qualificou o combustível fóssil de “presente de Deus”. Triste fim de um diálogo cujo objetivo era criar recursos para frear a crise climática.

O ano de 2023 havia registrado as temperaturas mais altas dos últimos 125 mil anos. O corrente ano deverá suplantar esta marca. Agosto foi o mês mais quente da história. Gavin Schmidt, diretor da Nasa, admitiu que não se sabe o motivo exato desse fenômeno, e que a hipótese mais provável seria que “o aquecimento do planeta, por si só, está causando a aceleração do comportamento climático”.

O furacão Helene, que fustigou os EUA em outubro, passou de tempestade tropical à categoria 4 em 24 horas, mais um recorde alarmante do ano. Noto que as imagens da devastação na Carolina do Norte não foram tão diferentes daquelas do Norte da África, do sul da Europa, do Sudeste Asiático ou do Rio Grande do Sul.

A COP 30 será um desafio, mas também uma oportunidade para catequizar os incréus de que a única forma de desacelerar essa tendência seria substituir o carvão, o gás e o petróleo por sol e vento. Ocorre, porém, que as placas solares mais eficientes e baratas são produzidas pela China.

Trump deseja torná-las 100% mais caras, enquanto acelera a extração e a exportação de gás e petróleo. São dois caminhos, e a COP 30 é um passo muito importante na escolha que o mundo terá de fazer.

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