Fusão entre Azul e Gol precisa de análise rigorosa
Confira a coluna desta quarta-feira (12)
A fusão entre Azul e Gol, atualmente em fase de estudo e negociação, promete redesenhar o mercado da aviação comercial no Brasil. Caso concretizada, a operação unirá duas das maiores companhias do setor, criando uma empresa que controlará significativa parcela do transporte aéreo doméstico (60%).
No entanto, para que a fusão ocorra de forma legal e equilibrada, é essencial uma análise rigorosa dos órgãos reguladores, especialmente do Cade.
Responsável por garantir a livre concorrência no Brasil, o Cade terá papel crucial na análise da fusão. Conforme previsto na Lei 12.529/2011, fusões e aquisições que possam resultar na dominação de mercado devem ser examinadas para evitar a formação de monopólios ou oligopólios prejudiciais ao consumidor.
A fusão entre a Azul e a Gol pode ser vista sob dois prismas: por um lado, pode melhorar a eficiência operacional, otimizando rotas e aperfeiçoando a saúde financeira das companhias. Por outro, pode representar forte concentração de mercado, reduzindo a pressão concorrencial e potencialmente elevando os preços das passagens.
Uma das estratégias possíveis do Cade seria a imposição de “remédios concorrenciais”, como a venda de slots (horários de pouso e decolagem) em aeroportos movimentados para empresas menores, garantindo que a concorrência não seja eliminada.
Ressalte-se que, segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, está prevista para esta semana uma reunião da pasta com o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro Macedo. “Para a gente poder ir monitorando, acompanhando e fortalecendo”, explicou, à Agência Brasil. “Caso essa fusão venha a acontecer, não vamos aceitar aumentos de passagens que prejudiquem a população. O Cade tem que ter um olhar para isso”.
Ademais, a análise concorrencial deverá ser feita de forma segmentada, considerando cada rota operada. Isso significa que o Cade pode exigir que a nova empresa abra mão de certas rotas onde houver risco de monopólio, incentivando a entrada de novas companhias no mercado.
Do ponto de vista ético, uma operação dessa magnitude exige um alto grau de transparência e governança. Um dos principais desafios será garantir que a fusão beneficie, além dos acionistas e controladores das empresas, os consumidores e empregados.
Atualmente, a fusão ainda não foi formalmente apresentada ao Cade e aos órgãos reguladores, estando em fase de planejamento e negociação entre as empresas. O governo federal já manifestou interesse na viabilidade do projeto, destacando que a consolidação pode fortalecer o setor e evitar a falência de uma das companhias, além de calcular um prazo de 12 meses para que o processo de fusão seja concluído.
Contudo, a aprovação do Cade é incerta e poderá levar meses, com possíveis exigências que alterem os termos da fusão.
Em suma, a fusão entre Azul e Gol é um movimento estratégico que pode trazer eficiência ao mercado aéreo brasileiro, mas também levanta preocupações concorrenciais, trabalhistas e éticas. O papel do Cade será crucial para equilibrar os interesses das empresas e dos consumidores, evitando prejuízos à concorrência e garantindo que a fusão resulte em melhorias para todo o setor.
A próxima fase do processo dependerá das condições que serão impostas para a aprovação da operação, tornando essencial o acompanhamento atento dos desdobramentos regulatórios e das políticas que serão adotadas para garantir um mercado justo e competitivo.
MATÉRIAS RELACIONADAS:
![Bruno Finamore Simoni é advogado especialista em Direito Empresarial](https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/Artigo-Destaque/220000/382x285/Equilibrio-entre-tecnologia-e-experiencia-humana0022959600202502111345/ProportionalFillBackground-2.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn2.tribunaonline.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F220000%2FEquilibrio-entre-tecnologia-e-experiencia-humana0022959600202502111345.jpg%3Fxid%3D1026531&xid=1026531)
![Bruno Finamore Simoni é advogado especialista em Direito Empresarial](https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/Artigo-Destaque/220000/382x285/Efeitos-do-governo-Trump-na-economia-do-Brasil-e-d0022862200202502031408/ProportionalFillBackground-2.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn2.tribunaonline.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F220000%2FEfeitos-do-governo-Trump-na-economia-do-Brasil-e-d0022862200202502031408.jpg%3Fxid%3D1019970&xid=1019970)
![Bruno Finamore Simoni é advogado especialista em Direito Empresarial](https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/Artigo-Destaque/210000/382x285/O-futuro-da-administracao-publica-nas-cidades-inte0021626600202501131347/ProportionalFillBackground-2.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn2.tribunaonline.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F210000%2FO-futuro-da-administracao-publica-nas-cidades-inte0021626600202501131347.jpg%3Fxid%3D995510&xid=995510)
![Bruno Finamore Simoni é advogado especialista em Direito Empresarial](https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/Artigo-Destaque/210000/382x285/Reforma-tributaria-e-hotelaria0021323500202412161356/ProportionalFillBackground-2.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn2.tribunaonline.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F210000%2FReforma-tributaria-e-hotelaria0021323500202412161356.jpg%3Fxid%3D977671&xid=977671)