Efeitos do governo Trump na economia do Brasil e do Estado
Confira a coluna de sábado (01)
Desde novembro de 2024, as atenções dos agentes econômicos estão voltadas para os possíveis desdobramentos do novo governo de Donald Trump, iniciado em 20 de janeiro.
Destacam-se as promessas de taxação de produtos importados e de reforma nas políticas de comércio exterior norte-americano, sob o pretexto de inaugurar uma “nova era de ouro” da economia americana, por meio do reequilíbrio da balança comercial, reindustrialização, segurança nacional e redução de impostos. Estimações sobre os impactos de eventuais aumentos tarifários pelo governo dos EUA são abundantes.
Do ponto de vista brasileiro, os temores recaem principalmente sobre a Lei nº 15.079/2024, que institui uma alíquota mínima efetiva adicional sobre o lucro líquido de empresas integrantes de grupos multinacionais no Brasil.
No que se refere ao déficit comercial, essa situação não se aplica às relações comerciais entre Brasil e EUA, especialmente ao considerarmos os últimos dez anos, período em que a balança comercial brasileira foi deficitária nessa relação.
No contexto do Espírito Santo, é importante analisar os dados dessa relação econômica com os norte-americanos.
De acordo com as informações da ComexVis/MDIC, nos últimos 10 anos, os EUA foram o principal parceiro em termos de fluxo de comércio (importações mais exportações), exceto em 2024, quando ficaram atrás da China.
Do ponto de vista das exportações, os EUA foram o principal destino no período com uma média de 31,3%, e registrando 28,7% de participação na balança de exportação em 2024.
Tanto o setor público quanto o setor privado precisam acompanhar como as medidas propostas pelo novo presidente serão implementadas e quais impactos terão sobre a economia brasileira, especialmente no Espírito Santo.
É necessário considerar as limitações de instrumentos de política econômica que um ente subnacional possui, uma vez que decisões de política tributária e de comércio exterior, de maneira geral, são responsabilidades do governo federal.
No contexto atual, espera-se que os níveis tarifários sejam mais elevados, o que preocupa, visto que produtos desse tipo representaram 35,61% do valor exportado para os EUA em 2024.
Assim, é possível considerar dois cenários: no primeiro, um aumento tarifário tanto para o Brasil quanto para a China pode causar dois efeitos para a economia do Espírito Santo, como retração das exportações para os EUA e potencial aumento nas importações da China, com quem o Espírito Santo já possui uma rota comercial consolidada.
Já no segundo, no qual o Brasil não seria abrangido pelas tarifas, surgem oportunidades de intensificação das relações comerciais com os EUA. Conforme mencionado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, está sendo impulsionado pelo governo federal um conjunto de medidas de desburocratização e redução de custos.
Além disso, destacou que é preciso esperar, mas, com base nos dados, na trajetória de 200 anos de relações comerciais e no pragmatismo do Brasil nas relações internacionais.