Os riscos do metaverso para crianças e adolescentes
Coluna publicada neste domingo no jornal A Tribuna
A chegada da tecnologia 5G vai garantir a infraestrutura necessária para que outra tecnologia desponte e comece a dominar todos os espaços do nosso dia a dia. Trata-se do metaverso, ambiente tecnológico criado com a utilização de óculos especiais, que simulam o mundo real em um universo virtual.
Esse novo mundo virtual, constituído pela soma de realidade virtual, realidade aumentada e internet, deve dominar todos os segmentos da sociedade, em especial, a educação, a saúde, o turismo e o entretenimento.
Diante da massificação iminente dessa nova tecnologia, nem tudo são flores. Apesar da potencialidade do metaverso para promover avanços nunca vistos antes, nos segmentos acima mencionados, essa tecnologia pode trazer também muita “dor de cabeça” para a nossa sociedade.
Dependendo da forma e da intensidade de sua utilização, os efeitos poderão ser extremamente nocivos para quem não souber utilizá-la dentro dos padrões admissíveis.
Entre os diversos problemas que o uso indiscriminado de uma tecnologia, que imerge pessoas em um mundo hipoteticamente “ideal”, o que causa maior preocupação, em um primeiro momento, é o impacto que ela pode ter em crianças e adolescentes que a utilizem sem um controle rígido por parte dos pais.
Não é preciso um esforço mental muito grande para prever que crianças e adolescentes, que já costumam dar trabalho aos pais devido ao desejo de passar várias horas do dia diante das telas dos jogos eletrônicos, passarão a exagerar ainda mais no tempo de uso. Ao experimentarem o realismo e o encantamento dos jogos do metaverso, eles se projetarão para dentro da realidade virtual, vivenciando o jogo de uma forma que nunca tinha sido possível.
Outro aspecto que deve levar preocupação para os pais, é o acesso a experiências com teor de violência e de cunho sexual. Os pais, mães e responsáveis, mais do que nunca, precisarão acompanhar o que os filhos vivenciam nesse mundo paralelo. A disciplina e o diálogo deverão fazer parte do dia a dia do convívio familiar, para que os pais tenham condições de controlar o que os filhos acessam, que tipo de conteúdo absorvem e por quanto tempo duram essas experiências.
O desafio é grande. Não bastará fornecer a tecnologia, os óculos especiais de imersão ao metaverso e achar que o ambiente é seguro e que, por estar dentro de casa, não existem riscos relevantes.
Os pais precisarão estar atentos a 4 aspectos principais: 1) Identificar e respeitar a faixa etária do conteúdo acessado pelo filho; 2) Controlar o tempo em que o filho mergulha nas experiências do mundo virtual; 3) Manter constante processo de conscientização e orientação com os filhos e 4) Fazer uso de aplicativos de gestão parental para garantir que nada fuja do controle.
Enfim, se por um lado a tecnologia do metaverso chega para revolucionar o mundo e a forma como interagimos com as pessoas e com as coisas, por outro lado novos desafios surgem e precisaremos buscar formas de enfrentá-los, em nome da segurança e da saúde física e mental dos nossos filhos.
*EDUARDO PINHEIRO é consultor de tecnologia da informação