Adolescentes e jogos violentos podem ser uma bomba-relógio
Artigo publicado na edição deste domingo (09), no jornal A Tribuna
A trágica onda de ataques a estabelecimentos de ensino que acontece atualmente no País, precisa ser debatida com vigor por diversos segmentos da sociedade. O assunto precisa ser abordado no meio político, no ambiente educacional e no seio das famílias, para que cada parcela da sociedade dê a sua contribuição nos esforços para acabar, de uma vez por todas, com a morte violenta de inocentes.
Todos sabem que se trata de uma conjuntura de fatores que envolve a formação do caráter e da personalidade dos nossos jovens.
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Mas de que forma a tecnologia entra nesse contexto? Até que ponto o uso da tecnologia pode influenciar nessa formação e colaborar com tragédias como ocorreram em Realengo (RJ), Suzano (SP), Aracruz (ES), Blumenau (SC) e tantas outras pelo País afora?
Como se não bastasse a situação de bullying, que milhares (talvez milhões) de crianças e adolescentes sofrem no cotidiano, a tecnologia trouxe novos elementos que agravam o contexto de geração de ódio e do sentimento de vingança.
Jogos violentos, com cenários cada vez mais próximos de um ambiente real, têm acompanhando, desde muito novos, a formação de adolescentes que sofrem ou praticam o bullying.
O poderio das armas de fogo utilizadas nesses jogos e a eficiência do jogador (atirador), somados à quantidade de oponentes diretos (ou indiretos) que são abatidos, tornam-se a base para obter alta pontuação nesses games.
Será que os pais acompanham a diversão on-line que substituiu as tradicionais brincadeiras infantis?
Será que contam com a ajuda de um especialista da área, para saber se a evolução da maturidade e da saúde psicológica dos filhos é compatível com a vivência nesses games, cujo objetivo é matar outras pessoas?
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Até que ponto esses jogos podem contribuir para o surgimento da vontade de matar outras pessoas? É possível um jogo violento, uma mera ficção, saltar das telas dos dispositivos e ganhar o nosso mundo real?
Os pais estão atentos às idades indicativas e fazendo valer a recomendação dos desenvolvedores?
Quando o meu filho era um adolescente de 14 anos, o jogo violento que fazia sucesso na época era o GTA. Antes mesmo que ele cogitasse jogar esse game, eu me antecipei e expliquei por qual razão aquele jogo não era recomendado para menores de 18 anos.
Ele compreendeu e respeitou a opinião dos estudiosos que estabeleceram esse limite para tal categoria de games.
Entretanto, vejo muitos pais alheios ao conteúdo on-line que os filhos estão tendo acesso.
Não são apenas os jogos, temos também os desafios perigosos e os grupos de discussões de assuntos que reportam à violência, magia negra, satanismo, ocultismo e tantos outros temas que abordam a violência como um comportamento associado a alguma forma de poder.
Logo, os pais precisam ficar mais atentos ao tipo de conteúdo que os filhos acessam, seja nos games ou no mundo virtual como um todo.
A violência da sociedade atual tem relação direta com a formação psicológica e do caráter dos nossos adolescentes e jovens.
Todas as medidas de prevenção são bem-vindas, mas investir no fator humano é, sem dúvida nenhuma, a medida mais assertiva no combate à violência em nossa sociedade. Então, nós pais, devemos fazer a nossa parte!
Eduardo Pinheiro é consultor de tecnologia da informação
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