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JOSÉ ANTÔNIO MARTINUZZO

Da neurose à perversão, sociabilidade em transição

A era dos deslimites revela uma sociabilidade que ameaça conquistas civilizatórias e a convivência humana

José Antônio Martinuzzo, Colunista de A Tribuna | 01/12/2025, 13:10 h | Atualizado em 01/12/2025, 13:10
José Antônio Martinuzzo

Pós Doutor em Psicanálise, doutor em Comunicação e professor titular da Ufes



          Imagem ilustrativa da imagem Da neurose à perversão, sociabilidade em transição
José Antônio Martinuzzo. |  Foto: Divulgação

Este início de milênio testemunha o ocaso de uma sociabilidade secular. Estamos em plena transição de um modo de viver essencialmente neurótico – organizado em torno de limites – para uma experiência crescentemente perversa – vocacionada aos deslimites.

E por que pensar sobre isso é relevante? Porque, nesta travessia, correm perigo conquistas civilizacionais que permitem a convivência com a dignidade que humanos devem almejar e fruir, e, em último caso, a própria existência da espécie.

A “farra” das bikes elétricas – tema que esta coluna abordou à luz da sociabilidade perversa e que teve repercussão expressiva – é apenas um dos sintomas de uma realidade avessa a limites e limitações, desprezando, entre outros, a alteridade e a responsabilização.

Mas há muitos outros pontos sintomáticos. Das ultrapassagens ilegais e/ou desrespeitosas no trânsito cada dia mais insano à promoção de uma crise climática com danos irreversíveis que, sustentada num modo de produção predatório de base consumista, individualista e inconsequente, ameaça tornar o planeta inabitável para as próximas gerações.

Em verdade, não estamos deixando para trás o paraíso para entrar no inferno existencial. Mas estamos, sim, apostando em condições que redundam numa piora da condição humana, relativamente ao que pudemos avançar sob as luzes do Iluminismo e do humanismo.

Apesar de não haver possibilidade de história perfeita, o retrocesso é visível e sentido em desrespeitos cotidianos, cultura de ódio, extremismos e outras formas de ruína social.

Mesmo com seus mal-estares neurotizantes, o tempo que estamos encerrando está dando lugar a algo pior, a uma era de vale-tudo existencial camicase.

Na disputa entre a radical liberdade individual e a vontade do grupo, preconizando regras comuns a todos e, consequentemente, com restrições inúmeras, Freud avisa:

“Grande parte das lutas da humanidade centraliza-se em torno da tarefa única de encontrar uma acomodação conveniente – isto é, uma acomodação que traga felicidade – entre essa reivindicação do indivíduo e as reivindicações culturais do grupo”.

Considerando que a humanidade “trocou uma parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança”, ou seja, convivência a mais pacífica possível, Freud salienta, dessa forma, que “o significado da evolução da civilização não mais nos é obscuro.

Ele deve representar a luta entre Eros e a Morte, entre instinto de vida e instinto de destruição”.

Numa sociabilidade estruturalmente perversa, fundada na negação de limites ao imperativo do gozo individual a qualquer custo, quem sai vencendo é o time de predadores com sua sanha agressiva, sufocando os laços de fraternidade tão fundamentais à civilização de base humanística.

Ainda bem que o futuro não tem destino, e podemos mudar o curso da história, bastando usar a inteligência que nos caracterizou como a “espécie que sabe”.

Isso, a despeito do cenário desolador em que estamos avançando cada dia mais – ultimamente, de bike elétrica.

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