Renato em apuros…
A 17 dias da final da Libertadores, o técnico do Flamengo ainda não tem seus principais titulares em condições físicas para ensaiar e testar o time que enfrentará o Palmeiras, em Montevidéu, no dia 27. E sem eles também encontra dificuldades para manter o clube na disputa do título brasileiro. A atuação do conjunto no 2 a 2 com a Chapecoense, no fechamento da 30ª rodada, esteve abaixo das expectativas, e hoje o que mantém Renato no cargo é o aproveitamento de 72% dos pontos acumulados nestes quatro meses de trabalho.
Vejo certo exagero nas cobranças quando lembro do calendário desumano, com quase um terço da edição de 2020 sendo disputado entre janeiro e fevereiro de 2021. E considero surreal quando os mais exaltados estabelecem comparações entre o trabalho atual com o do português Jorge Jesus, em 2019.
Porque ainda que o Flamengo de Renato seja um time sem elogiável organização tática, é preciso lembrar de que ele não teve os 20 dias de pré-temporada usufruídos por Jesus. E de que algumas peças-chave da estrutura vitoriosa estão dois anos mais velhas.
Não adianta o torcedor do Flamengo querer extrair do trabalho de Renato uma equipe envolvente, com o grau de imposição criada pela comissão técnica chefiada por Jesus.
Tenho até minhas dúvidas se os próprios portugueses teriam êxito na empreitada, mesmo considerando que o prolongamento daquela passagem deixaria os jogadores ainda mais automatizados.
Da dinâmica da preparação (física, técnica, tática e mental) ao grau de comprometimento, percebe-se facilmente que a confiança dos mais experientes já não é a mesma.
Não vejo nos times dirigidos por Renato o dinamismo e a estética que encantem o público.
Entrega
Seus melhores trabalhos no Grêmio e no Fluminense foram marcados mais pela entrega dos jogadores do que pelo virtuosismo e eficiência dos mecanismos idealizados por ele.
O que não quer dizer que sua contratação fora um equívoco. Pelo contrário: quando optou por interromper o trabalho autoral que Rogério Ceni tentava construir para investir num “copeiro”, a diretoria do Flamengo emitiu sinais claros de que buscava resultados, e não desempenho.
O ponto fora da curva foi a eliminação na Copa do Brasil – ainda mais da forma como ocorreu. Sobrou para Renato a final da Libertadores. Se chegar até lá, talvez ganhe sobrevida no clube….