Por quê?
Coluna foi publicada no domingo (13)
Já se passaram mais de 48 horas da derrota que eliminou o Flamengo da Libertadores e a diretoria do clube ainda não se pronunciou – ao menos para pedir desculpas. Nada! Sempre tão presentes nas fotos ao lado de novos contratados, cartolas rubro-negros silenciaram, saindo de cena nos dois últimos dias, e só devem voltar a dar o ar graça após o jogo contra o São Paulo, esta noite, no Maracanã.
Entendo a reclusão. A queda numa Libertadores que no final do ano será decidida no palco em que o Flamengo o tem como se fosse o dono não é um tropeço qualquer. É uma pancada dolorida, um gole amargo de rasgar o estômago. Mas não é fato isolado, ou obra do acaso. Os erros no planejamento, somados a escolhas equivocadas, resultaram num ano de frustrações. Agora, é preciso racionalidade.
Jorge Sampaoli não parece à vontade desde o “Caso Pedro”, os jogadores se esforçam para mostrar que o cristal da harmonia não foi arranhado, só que o futebol exibido não está de acordo ao valor gasto com elenco milionário. Mas, como o time está a três jogos da conquista da Copa do Brasil, acredita-se que a conquista do título recupere a autoestima para seguir na “caça” ao Botafogo no Brasileiro.
De imediato, a permanência do treinador está veiculada a uma vitória hoje sobre o São Paulo e à classificação à final da Copa do Brasil no confronto com o Grêmio, quarta-feira, ambas no Maracanã. Mas está claro que o encantamento acabou. Tanto por parte da diretoria quanto entre os jogadores. Afastá-lo, porém, está obviamente ligado à escolha do seu substituto. Sem falar na multa rescisória, é claro.
Entendo, no entanto, que o modelo de gestão na pasta mais importante do clube deveria ser revisto, já de olho na próxima temporada – ano de eleição presidencial. O Flamengo entregou o controle ao vice Marcos Braz e, apesar dos troféus erguidos, é notória a má administração do elenco. Fora a “Era Jesus”, com o Ninho sob gestão do português, o clima no CT foi sempre conturbado, o que explica o fluxo de treinadores.
Não dá para dizer que, como um todo, o futebol do clube é mal administrado. Afinal, já são quase R$ 300 milhões em venda de jogadores em 2023 (mais da metade sendo reinvestido em reforços) e presença constante nas finais dos torneios. Mas hoje, neste domingo dos pais, o torcedor rubro-negro se pergunta por que os treinadores são os culpados pelos fiascos do Flamengo.
Boa pergunta: por quê?