Os caça-talentos…
Leia a coluna desta segunda (06)
A busca por jovens jogadores que no desenvolvimento de suas carreiras entreguem expressivos resultados técnicos e financeiros chegou a tal ponto que 15 dos 20 clubes da Premier League contam com analistas de desempenho brasileiros – alguns até com mais de um contratado. Todos em atividade por aqui, mapeando jogadores da base dos clubes do continente. Eles viajam dentro e fora do país atrás de informações sobre as características técnica, física, tática e mental de cada um.
O trabalho feito também por outros grandes da Europa agora começa a ser copiado por clubes da liga saudita – a Saudi Pro League (SPL). No último ano, dois profissionais brasileiros deixaram o Grêmio e o Nottingham Forest para trabalhar para clubes da Arábia.
Gustavo Marrone no Al Quadisiya, da primeira divisão, e Gabriel Corrêa no Neom SC, da segunda. Ou seja: é só o primeiro sinal do quanto os árabes estão dispostos a mudar o rumo da prosa até o Mundial de 2034.
Mas este texto não é sobre o projeto da Saudi Pro League, subsidiado pelo fundo soberano saudita – Public Investment Fund (PIF). Nem sobre o objetivo dos árabes de quadruplicar a receita da SPL, que, segundo consta, ainda é dez vezes menor do que a Premier League.
A intenção aqui é mostrar, nesta época de muitas especulações sobre o vai e vem de jogadores, que o mercado de transferências internacionais não funciona mais à base de apostas aleatórias e surpreendentes.
Esses analistas, os chamados “scouters”, profissionalizaram a operação, diminuíram a influencia de intermediários, uniram pontas. O Arsenal comprou Martinelli do Ituano, em 2019, por sete milhões de euros. Hoje, ele é avaliado em 60 milhões - oito vez mais.
O “modesto” Brighton investiu 28,2 milhões de euros no equatoriano Moisés Caicedo, do Independente Del Valle, em 2020, e o revendeu ao Chelsea, em 2023, por 116 milhões de euros. Casos típicos de relatórios de “scouters”.
Isso também explica a fixação de John Textor no zagueiro Jair Cunha, do Santos. O zagueiro de 19 anos tem 24 jogos no time profissional, com atuações que correspondem o ciclo evolutivo do jogador por quem o dono da SAF do Botafogo oferece os direitos de Lucas Hater e Tiquinho Soares, mais um valor em dinheiro que perfazem os dez milhões de euros.
Alessandro Brito, head scout do Botafogo, por certo tem muito a ver com isso. E Textor sabe quanto Jair valerá no mercado europeu…