O jogo mental
Coluna foi publicada nesta sexta-feira (27)
O questionável desempenho do sistema defensivo do Fluminense nas últimas sete rodadas da Série A do Brasileiro coincide com o início dos trabalhos de parte da comissão técnica de Fernando Diniz à frente da Seleção. Até que ponto um fato é consequência do outro não se pode assegurar. Mas os números, estes elementos a cada dia mais usado na interpretação do desempenho dos jogadores, sugere que sim.
Sou do time que não consegue ler os números, isoladamente, sem que eles estejam dentro de um contexto mais abrangente. Porque podem não traduzir o que se vê em campo. Mas, não dá para ignorá-los por completo.
O Fluminense sofreu 16 gols nos últimos sete confrontos do Brasileiro e a média de mais de dois gols por jogo iniciou na derrota de 4 a 2 para o Vasco, após o primeiro ciclo de Diniz na Seleção.
Até então, os tricolores sofriam, em média, um gol por partida em jogos do Brasileiro, fruto do equilíbrio do time. Como nos sete anteriores ao primeiro treino de Diniz a serviço da CBF, em 5 de setembro.
Entre 16 de julho e 27 de agosto, o Fluminense encarou Flamengo, Coritiba, Santos, Palmeiras, Grêmio, América/MG e Athletico/PR. Venceu três, empatou dois e perdeu dois, marcando nove gols e sofrendo oito.
Nas quatro partidas seguintes aos dois primeiros jogos da Seleção, o time sofreu nove gols diante de Vasco, Cuiabá e Botafogo – média superior a dois por partida. E, após o terceiro ciclo das Eliminatórias, levou sete em jogos contra Corinthians, Bragantino e Goiás. Ou seja, números que ferem a essência do time, sintoma que precisa ser inspecionado – e com urgência.
A vitória de 5 a 3 sobre o Goiás, na virada de placar ainda no primeiro tempo, se somada à reação no empate em 3 a 3 com o Corinthians, mostra a força ofensiva do time.
Mesmo desfalcado, o Fluminense consegue ser mais efetivo do que seus adversários, ainda que nem sempre com a mesma eficiência. Fica claro para mim que a ausência de Diniz nos períodos com a CBF enfraquece o cognitivo do time.
Atento
E o Fluminense precisa estar atento a estes detalhes. Não apenas com vistas à final da Libertadores, em oito dias, como na luta por vaga no G-6, caso não conquiste o título sul-americano.
O time tem 45 pontos e precisa de mais dez nos 27 ainda em disputa. É hora de trabalhar o mental dos jogadores antes que todo o esforço do ano seja jogado fora. Por culpa da CBF.